Santos de todas as eras têm pensado sobre a realidade da Nova Jerusalém. Os céticos acham que tudo não passa de utopia infantil, enquanto crentes fervorosos têm nutrido uma visão romântica sobre a Santa Cidade, e anelam pelo dia em que atravessarão os seus portões. Neste estudo vamos descortinar alguns dos gloriosos mistérios que fazem da Nova Jerusalém o foco da esperança de todos os crentes em Jesus.
Nesses tempos de mudanças políticas, econômicas, sociais e tecnológicas, todos os seres humanos, independente de credo, língua ou raça, anelam por uma sociedade mais justa, ancorada em valores que jamais sejam modificados.
É dos filhos de Coré o salmo que diz:
“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, AINDA QUE A TERRA SE MUDE, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares; ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. Há um rio cujas correntes alegram a CIDADE DE DEUS, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela, não será abalada; Deus a ajudará ao romper da manhã. As nações se embravecem, os reinos se movem; ele levanta a sua voz, e a terra se derrete. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio... Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre as nações, serei exaltado sobre a terra.” SALMOS 46:1-7,10.
Ainda que a terra se mude! Ainda que a ordem estabelecida seja revertida ! Há uma cidade da qual Deus é o arquiteto e o construtor; ela está bem alicerçada no Monte de Deus, e por isso, não será abalada. O próprio Deus é quem a ajudará ao romper da manhã do novo tempo.
Esta Cidade é cortada por um rio que trás alegria, refrigério e segurança aos seus habitantes. Ela é o Santuário das Moradas do Altíssimo.
A Cidade de Deus é a Jerusalém Celestial. A mesma vista por João, quando estava encerrado na Ilha de Patmos. Ali, um anjo se lhe aproximou, convidando-lhe para ver aquela que é a Noiva, a Esposa do Cordeiro.
João descreve esta aventura com as seguintes palavras:
“Então veio um dos sete anjos...e me disse: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus. Ela brilhava com a glória de Deus...” APOCALIPSE 21:9-11a
Veja que a Cidade Celestial é chamada de Esposa do Cordeiro. Isso comprova o fato de que a Igreja é, sem sombra de dúvida, a Jerusalém Celeste. Afinal, a única esposa que Jesus possui é a Sua Igreja. Nosso Rei não é bígamo.
À luz disso, não hesitamos em declarar que nós somos a Cidade inabalável apresentada no Salmo 46. Nós somos a Nova Jerusalém. Uma cidade não é meramente um espaço urbano formado por ruas, casas e prédios. Uma cidade é um povo. Quando falamos do Rio de Janeiro, não estamos falando apenas do seu espaço físico, e sim dos seus habitantes. Assim como uma nação não é apenas um território. O conceito bíblico de nação diz respeito a um povo, e não a um território. É por isso que o judeu é considerado judeu independente do lugar onde tenha nascido.
Assim também, não podemos imaginar que a Nova Jerusalém seja apenas uma Cidade com ruas de ouro, mar de cristal e etc. A Nova Jerusalém é a Igreja de Deus. Ou será que Cristo se casaria com os muros, ruas e prédios de uma cidade?
Os filhos de Coré afirmam que aquela cidade é o santuário das moradas do Altíssimo. “Moradas”, nesse texto, está no plural. E quem são as moradas do Altíssimo senão nós, os Seus filhos? Paulo diz aos Efésios que nós juntamente somos edificados para morada de Deus no Espírito (Ef.2:22). Isso também é afirmado em outros textos como 1 Co.3;16; 6:19; Hb.3:6 e 1 Pe.2:5.
Talvez alguém objete, dizendo: - E quanto à procedência da cidade? João diz que ela descia do céu, da parte de Deus. Precisamos examinar isso à luz de outras passagens. Por exemplo, em João 17, em Sua oração sacerdotal, Jesus afirma com respeito à Igreja: “Eles não são do mundo, como eu do mundo não sou... Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”(Jo. 17:16,18).
De fato a origem da Igreja é o céu. Não somos procedentes deste mundo. Em Hebreus lemos que “tanto o que santifica (Jesus) como os que são santificados, vêm todos de um só” (Hb.2:11).
É bom deixar claro que quando falamos da Igreja, não estamos fazendo menção de uma instituição humana, ou de uma denominação religiosa. Estamos falando, sim, de uma instituição divina, criada por Deus antes mesmo da fundação do mundo. Esta igreja é chamada de “universal assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus” (Hb.12:23).
Não cremos na igreja como um improviso de Deus, haja vista a rejeição do Messias por parte de Israel. Absolutamente, não. Deus não possui dois povos. Ele possui unicamente um povo, um rebanho, uma Igreja. E esta Igreja é formada por todos aqueles que nasceram de novo, quer sejam judeus, ou gentios.
Uma Cidade no Monte
Outro detalhe interessante é que o anjo conduziu João a um alto monte, para que pudesse ver a Cidade de Deus. Não será esse o monte Sião, no qual chegamos por meio de Cristo Jesus? O Escritor sagrado afirma que nós já temos “chegado ao monte Sião, e a cidade do Deus vivo, à Jerusalém Celestial” (Hb.12:22).
No momento em que abraçamos o evangelho, atravessamos os portões da Cidade, e tornamo-nos seus habitantes eternos. No dizer de Paulo, fomos arrebatados do império das trevas, e transportados para o reino do Filho do Seu amor ( Col.1:13 ).
A Cidade Celestial está edificada sobre o monte, e seu resplendor é visto pelas nações da terra. Ela não pode ser localizada geograficamente, pois transcende os conceitos geopolíticos. Ela é Celestial por ter sua origem em Deus. É Nova por ser o início de uma nova ordem estabelecida pelo próprio Criador.
Nós somos esta Cidade! Fomos edificados no Monte de Deus, e por isso jamais seremos abalados!Jesus disse:
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” MATEUS 5:14.
Este texto dirime quaisquer dúvidas de que a cidade edificada sobre o monte (a mesma vista por João) somos nós, a quem Jesus chamou de “luz do mundo”. Não foi sem propósito que João afirmou acerca da Nova Jerusalém, que “as nações andarão à sua luz” (Ap.21:24a).
Por esta Cidade anelavam os santos da antiga aliança. O Escritor Sagrado diz que Abraão “esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor” (Hb. 11:10).
O que Abraão esperava, nós, os santos da Nova Aliança, já temos experimentado. A cidade que o patriarca aguardava é aquela cujos fundamentos foram lançados pelos apóstolos e profetas, sendo Cristo a principal pedra angular Ef.2:20 ).
Não será por isso que João descreve os fundamentos do muro da cidade como sendo doze fundamentos contendo os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (Ap.21:14) ?
O Escritor de Hebreus também diz que os santos do Antigo Testamento buscavam uma pátria (Hb.11:14). Não seria esta pátria a que Pedro chamou de “Nação santa”, a qual somos nós, a Igreja do Deus Vivo (1 Pe.2:9 ) ?
Cristo é a Pedra Fundamental da Cidade de Deus, e esta, é a pedra fundamental do Novo Mundo.
O Limiar de uma Nova Civilização
“Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém... Haja paz dentro dos teus muros e prosperidade dentro dos teus palácios”. SALMO 122:2, 7.
Deus está trabalhando na edificação de Sua Cidade na Terra. Aquilo que João viu, e relatou nos últimos capítulos de Apocalipse, era o protótipo deste enorme empreendimento no qual todo o povo de Deus está envolvido.
Em Hebreus lemos que o povo da antiga aliança servia “num santuário que é figura e sombra das coisas celestiais. É por isso que Moisés divinamente foi avisado, quando estava a construir o tabernáculo: Vê que faças tudo conforme o modelo que te foi mostrado no monte” (Hb.8:5).
Coube a Moisés construir o tabernáculo de acordo com as medidas que lhe foram mostradas no monte. Da mesma forma, Deus deu a João uma imagem daquilo que seria a Cidade Santa, o tabernáculo de Deus com os homens (Ap.21:2-3). Cada medida ali apresentada tem um significado específico. Nenhum detalhe pode passar desapercebido! Cada discrição da Nova Jerusalém aponta para a perfeição dessa nova sociedade construída ao redor do Trono de Deus.
Segundo o relato sagrado, Deus é o Arquiteto e o construtor dessa Cidade (Hb.11:10). Porém, é-nos dado o privilégio de sermos Seus cooperadores.
Paulo diz que somos ao mesmo tempo, cooperadores de Deus, lavoura e edifício de Deus (1 Co.3:9).
Estamos trabalhando na construção de uma nova sociedade, uma civilização que tem como molde a Nova Jerusalém apresentada em Apocalipse 21. E quais são as características dessa nova civilização? É o que vamos estudar a seguir.
Um Empreendimento Celestial
A primeira característica encontrada no relato de João é que ela é um empreendimento celestial. Não se trata de uma iniciativa humana. Não é fruto do desenvolvimento humano, ou tecnológico. João diz que a santa Jerusalém “descia do céu, da parte de Deus”(v.10).
Desde os primórdios, o homem tem sonhado com uma sociedade ideal. O marxismo sonhou, mas se frustrou. O humanismo tem sonhado, e certamente vai dar com os burros n’água. O que o ser humano precisa entender é que, em seu estado pecaminoso, ele não possui a mínima possibilidade de construir uma sociedade justa. Somente Deus, o arquiteto e construtor da Santa Cidade, tem condição de edificar essa tão sonhada sociedade. Não se trata de uma utopia, e sim, de um empreendimento celestial. É Aquele que está assentado no trono que diz: “Faço novas todas as coisas!” (Ap.21:5).
Foram os sonhos e as utopias humanas que levantaram as grandes civilizações; todas elas caíram! Os impérios egípcio, assírio, babilônico, medo-persa, grego e romano foram todos reduzidos a nada. A sua glória desvaneceu-se, posto que estavam fundamentados nos homens. Porém, o Império de Cristo jamais será abalado, pois o próprio Deus Quem O levantou.
Em razão disso, a Cidade de Deus brilha com a glória do seu idealizador e construtor. Se fosse um empreendimento humano, seu brilho seria passageiro. Mas é, de fato, uma obra empreendida pelo próprio Criador. Portanto, tem Sua assinatura, sua rubrica. Fala-se muito na falência da civilização ocidental, como se isso significasse a queda da cristandade . Entretanto, mesmo que nossa civilização tenha sido construída sobre bases cristãs, já há muito ela tem tido suas bases minadas por filosofias anticristãs, tais como o humanismo, o secularismo, e tantos outros “ismos”. Mas a Cidade de Deus, porquanto fora edificada sobre a rocha, continuará de pé, inabalável diante de qualquer mudança sofrida pelo mundo à sua volta (Sl.46) Afinal, a promessa de Seu fundador é que as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Embora seja Deus o construtor dessa Cidade, nós somos convocados por Ele a cooperarmos nessa imensa obra.Se os líderes da igreja tivessem esta visão, eles trabalhariam menos em prol de seus próprios ministérios, e se uniriam em torno do maior empreendimento de todas as eras: a edificação da Santa Cidade. Deus não nos chamou para que construamos nossos impérios particulares. Porém, às vezes, a impressão que se tem é que, a maioria dos líderes de hoje estão trabalhando para edificar seu próprio “reino”, e não o Reino de Deus. E sabe qual é a desculpa de muitos deles? A mesma que Israel apresentava nos dias de Ageu: “Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada” (Ag.1:2). Tal justificativa é fruto de uma Escatologia doentia, que coloca o Reino de Deus como um evento futuro, tirando de nossos ombros a responsabilidade de cooperarmos na construção da Cidade de Deus. A Cidade Santa é a capital do Reino de Deus na Terra. Portanto, se não há a Cidade, também não há Trono, tampouco Reino. Quando falamos na Igreja como Templo de Deus, estamos focalizando apenas o seu aspecto espiritual. Ao enxergarmos a Igreja como a Cidade de Deus, estamos ampliando nosso foco, e considerando os demais aspectos de nossa vocação como povo de Deus, inclusive o aspecto social. O papel da Igreja não pode estar restringido às coisas espirituais. Não somos apenas um povo escolhido, sacerdócio real; somos também uma Nação Santa (1 Pe. 2:9).
Muitos ministérios estão sucumbindo. Alguns deles pareciam inabaláveis. E sabe por quê Deus tem permitido isso? Sabe por quê muitas expectativas têm sido frustradas ? O Senhor nos responde pelos lábios de Ageu, Seu profeta:
“Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco. Esse pouco, quando o trouxeste para casa, eu o dissipei com um assopro. Por quê? Diz o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto que cada um de vós se ocupa com a sua própria casa.”AGEU 1:9.
Eis o problema! Cada um por si. Como diz o ditado: Cada qual puxando a brasa para a sua sardinha.
A questão levantada por Deus é: “É para vós tempo de habitardes nas vossas casas apaineladas, enquanto esta casa fica deserta?” (Ag.1:4). Está na hora de nos despertarmos e trabalharmos visando o Reino de Deus, e não os nossos impérios particulares.
Ageu não estava falando apenas sobre o Templo de Jerusalém que estava em ruínas, e que deveria ser reedificado por Zorobabel e Josué. Sua profecia apontava para o futuro, quando o Templo definitivo de Deus seria erguido. Esse Templo, como veremos adiante, é a Igreja de Deus, a Cidade Santa.
E Ageu ainda profetiza:
“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro em pouco, abalarei os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca. Abalarei todas nações, e O DESEJADO DE TODAS AS NAÇÕES VIRÁ, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos. Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos. A glória DESTA ÚLTIMA CASA será maior do que a da primeira (...) Abalarei os céus e a terra. Derrubarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações...”AGEU 2:6-9, 21-22a
Não nos resta a menor dúvida de que Ageu estivesse falando acerca da Igreja, e do Reino de Deus. E isso pode ser comprovado pelo fato de ter o autor de Hebreus usado essa mesma passagem para falar do Reino de Deus. Ele escreveu: “Ainda uma vez abalarei, não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra: Ainda uma vez, mostra a remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que as inabaláveis permaneçam. Pelo que, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e santo temor” (Hb. 12:26-28). E que coisas abaláveis são estas? As estruturas humanas. Tudo aquilo cuja origem é humana será removido para dar lugar às novas estruturas originadas em Deus. Aos poucos, o sistema humano vai sendo substituído por um sistema divino. A Jerusalém terrestre caiu, para dar lugar à Jerusalém Celestial. Os reinos deste mundo estão em polvorosa, as suas estruturas estão ruindo, para dar lugar à plenitude do Reino de Cristo. Quando as estruturas humanas houverem ruído por completo, e a Cidade de Deus houver alcançado sua plenitude, então, virá o Desejado das nações. Infelizmente, a ordem tem sido invertida. Estamos esperando que Ele venha para implantar o Reino. Porém, isso Ele fez em Sua primeira vinda.
Paulo afirma taxativamente:
“Então virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois convém que ele reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo dos seus pés.” I CORÍNTIOS 15:24-25.
Quando virá o fim? A resposta é: Quando Cristo houver destruído todas as estruturas humanas de poder, domínio e autoridade. Ao mesmo tempo, enquanto os sistemas caem, a glória de Deus enche a segunda casa, a Nova Jerusalém, a Igreja do Deus vivo. O fim virá quando Cristo foi o Desejado de todas as nações, e isso somente vai acontecer mediante o trabalho desenvolvido pela Igreja de Cristo, discipulando as nações, e pregando o evangelho do Reino.
Nesse exato momento, Cristo está reinando sobre a Terra. Seu poder é exercido com Cetro de Ferro sobre as nações.
Isso já havia sido profetizado por Balaão:
“Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto. Uma estrela procederá de Jacó, e de Israel subirá UM CETRO QUE QUEBRARÁ as têmporas de Moabe, e destruirá todos os filhos de Sete. Edom será conquistado, e Seir, seu inimigo, também será conquistado, mas Israel fará proezas. UM DOMINADOR SAIRÁ DE JACÓ e destruirá os sobreviventes da cidade.” NÚMEROS 24:17-19.
A “cidade” aqui referida, diz respeito ao sistema do mundo. Essa cidade seria o oposto da Cidade de Deus.
Enquanto a Igreja trabalha na construção desta Cidade, Cristo, nosso Rei, trabalha na destruição dos sistemas mundanos.
Por isso, Cristo é apresentado em Apocalipse como o “varão que há de reger todas as nações com cetro de ferro” (Ap.12:5).
Precisamos compreender que o instrumento usado por Cristo, tanto para construir a Cidade de Deus, quanto para destruir a “cidade” do homem, é a Igreja. Ele promete que a Igreja vencedora terá “autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá, quebrando-as como são quebrados os vasos de oleiro” (Ap.2:26-27). Através da pregação do Evangelho do Reino, as estruturas humanas vão ruir! As palavras de Deus a Jeremias servem adequadamente para a Igreja de Jesus:
“Vê, ponho-te hoje sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e derrubares, para destruíres e arruinares, e para edificares e plantares (...) EU TE PUS POR CIDADE FORTIFICADA, e por COLUNA de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra (...) Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão, pois eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.” JEREMIAS 1:10, 18-19.
Ou não é a Igreja a “casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a COLUNA e esteio da verdade” (1 Tm.3:15)? Ela é a Cidade Fortificada, a Coluna de Ferro, a Casa de Deus, o Esteio da Verdade.
Não podemos ignorar o fato de que há algo que precisa ser arrancando, para que algo seja plantado em seu lugar. Algo precisa ser destruído, para que algo seja edificado em seu lugar. O que é “abalável”, precisa ser removido, e dar lugar ao Reino Inabalável do Senhor Jesus Cristo.
E como isso se dará? Pela simples pregação do Reino de Deus, incluindo os seus princípios para cada área da vida humana.
Vemos, portanto, que a Cidade de Deus é um empreendimento divino, mas que envolve a participação e cooperação de todos os santos.
Uma Cidade Murada
“Vê, nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente na minha presença.” Isaías 49:16.
A segunda característica que quero ressaltar é que essa Cidade tem um “grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel” (v.12).
Eis mais uma prova de que a Nova Jerusalém deve ser edificada neste mundo, e não na Eternidade. As cidades antigas eram cercadas por altos muros para que fossem protegidas contra ataques repentinos dos inimigos. Se a Nova Jerusalém fosse uma realidade fora deste mundo, não haveria necessidade de muros. Se ela deve ser esperada na eternidade, então, por que razão ela teria muros, se o inimigo já terá sido lançado no Lago de Fogo? Existirá alguma outra ameaça à Cidade de Deus, senão Satanás, nosso arquiadversário? Absolutamente. É pelo fato de sermos a Cidade de Deus aqui e agora, é que necessitamos de estar protegidos das investidas do Inferno. E para isso, a Nova Jerusalém está cercada pelo próprio Deus. Ele mesmo nos afiançou: “Pois eu, diz o Senhor, serei para ela um muro de fogo em redor, e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória” (Zc.2:5).
A muralha que rodeia a Cidade Santa é o próprio Deus! Ele não só é O que a edifica, mas também é O que a guarda. Por isso, o salmista disse: “Se o Senhor não edificar a casa, e vão trabalham os que a edificam. Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl.127:1). Observe que Deus dispensa um trato especial à Sua obra prima. Ele é quem lhe dá a garantia de preservação. Ele a edifica com os mesmos cuidados com que a preserva.
Pelos lábios de Isaías, o Senhor Deus afirma que os muros de Sua Santa Cidade serão chamados de Salvação (Is.60:18). “Uma forte cidade temos, a que Deus pôs a salvação por muro e antemuros” (Is.26:1). O que isso quer dizer? Os muros de uma cidade não lhe serviam apenas de proteção, mas também demarcavam os seus limites. E quais são os limites da Cidade de Deus? Ela está limitada ao número de pessoas salvas por Cristo Jesus.
Segundo o relato de João, o anjo que lhe acompanha em sua expedição à Santa Cidade, tinha nas mãos “uma cana de ouro para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro. A cidade era quadrangular, o seu comprimento era igual à sua largura. Mediu a cidade com a cana e tinha ela doze mil estádios de comprimento, e a largura e a altura eram iguais. Ele mediu o seu muro, e era de cento e quarenta e quatro côvados, segundo a medida de homem, que o anjo estava usando” (vs.15-17). Embora esta Cidade ainda não esteja concluída, seus limites já foram fixados, mesmo antes da fundação do mundo. Seu tamanho jamais excederá àquilo que Deus planejou. Suas dimensões são ideais para comportar os salvos de todas as eras. E por quê seus muros são chamados de Salvação ? Pelo simples fato de que, somente os salvos são contados como cidadãos dessa Cidade.
Os habitantes da Cidade de Deus são pessoas nascidas de novo, que têm certeza da sua salvação. A nova civilização criada por Deus não é formada por crentes nominais, e sim, por pessoas regeneradas, que trazem em suas frontes o selo do Seu Deus e o capacete da salvação (Ef.6:17, Ap.7:2; 14:1).
Um dos maiores equívocos vividos pelo cristianismo em toda a sua história, ocorreu quando Constantino, imperador de Roma, se arrogou cabeça visível da igreja. Usando sua autoridade de imperador, ordenou que todos os seus súditos se tornassem cristãos, transformando o cristianismo na religião oficial do seu império. Infelizmente, muitos bispos da igreja pensaram que aquela era a grande oportunidade para que o cristianismo desse início a uma nova civilização, tornando-se numa religião universal.
Todos os que não tiverem um encontro pessoal com Jesus Cristo, confessando-O como seu Senhor e Salvador pessoal, estão de fora dessa nova sociedade. E não há a mínima possibilidade desse muro ser transposto. Sua altura é a mesma de seu comprimento e largura. Ele, portanto, é simplesmente intransponível! Por isso mesmo, João pôde afirmar:
“Não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira, mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro (...) Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira.”APOCALIPSE 21:27; 22:14-15.
E quem são os salvos? Quais os parâmetros que definem os que têm direito de participar dessa nova sociedade?
De acordo com a visão de João, “o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (...) Os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda espécie de pedras preciosas...” (vs.14,10a).
Se o muro diz respeito à salvação, logo, os fundamentos desse muro são os alicerces da salvação. Onde encontrá-los! João nos informa que esses fundamentos estão adornados de pedras preciosas. Esses fundamentos são os ensinos dos apóstolos. Por isso, é dito que são doze fundamentos, e que neles estão os nomes dos doze apóstolos.
Não podemos construir sobre bases falsas.
No segundo século, a igreja cometeu o erro de tentar construir sobre os fundamentos lançados pelos filósofos gregos. Foi um desastre! E o fruto desta tentativa é a igreja católica com o seu ensino apóstata.
A nova sociedade não vai emergir da filosofia platônica, ou aristotélica, nem da dialética marxista, ou das teorias psicológicas de Freud, ou de qualquer outra elucubração humana. Ela vai emergir dos ensinos dos santos apóstolos do Cordeiro.
A sociedade de Deus é formada de “concidadãos dos santos, e da família de Deus, edificados sobre o FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular” (Ef.2:19-20).
Hoje em dia, encontramos livros evangélicos que expõem e legitimam alguns ensinos orientais, tais como visualização, meditação transcendental, e outros, além de técnicas psicológicas como regressão, hipnose, e até teorias freudianas.
Há também os que estão construindo ministérios sobre a base do misticismo, da superstição e do sincretismo religioso.Se quisermos cooperar com Cristo na construção de uma sociedade ideal, precisamos ter parâmetros bem fixos. Não podemos buscar inspiração, nem material algum do lado de fora para usarmos nos fundamentos da Santa Cidade.
Tem-se falado muito em unidade da Igreja. Em nome de uma “unidade aparente”, muitos são capazes de sacrificarem a sã doutrina. A palavra da moda é “comunhão”. O importante é estar em comunhão com todos, inclusive com os que pensam de maneira diferente (!) Quero deixar bem claro que não somos contrários à unidade, nem tão pouco à comunhão entre os irmãos. Entretanto, não podemos admitir que em nome dessa suposta unidade, a verdade seja descartada. Não podemos ter comunhão com aquele que não anda segundo a verdade exposta pelos profetas e apóstolos de Cristo. Não podemos enfatizar apenas o fato de que os cristãos primitivos perseveravam na comunhão, e ignorarmos que antes, eles perseveravam na doutrina dos apóstolos (At.2:42). A verdadeira comunhão só é possível quando está baseada na verdade das Escrituras. Por isso João escreveu: “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que tenhais comunhão conosco” (1 Jo.1:3a).
Se a pessoa não crê naquilo em que cremos, nossa comunhão é impossível. E quanto à unidade que Jesus desejou à Sua Igreja? Esta unidade já é real. Se não o é, logo, a oração de Jesus não foi atendida. Sua oração não foi dirigida a nós, e sim ao Pai. Não temos que buscar a unidade, e sim, preservá-la. Além do mais, nossa unidade está estreitamente ligada à verdade na qual cremos. Jesus diz em Sua oração:
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (...) Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela TUA PALAVRA hão de crer em mim. Para que sejam um...” JOÃO 17:17,20-21a.
Diante disto, todo aquele que não tem a sua fé fundamentada na Palavra, no ensino apostólico, está fora da comunhão, e não participa da unidade do Corpo de Cristo.
Os apóstolos de Jerusalém, Tiago, Pedro e João, só deram as destras da comunhão a Paulo, após ouvi-lo falar acerca do Evangelho que ele anunciava aos gentios (Gl.2:9).
Não podemos nos enganar pelas formas, mas devemos examinar o conteúdo. Se alguma ramificação do cristianismo faz uso dos mesmos métodos evangelísticos que nós, canta as mesmas canções, mas não tem a sua fé fundamentada no ensino das Escrituras, não podemos unir-nos a ela.
Às vezes, temos dado maior valor à forma, do que ao conteúdo. Não podemos nos dividir por causa de coisas que não descaracterizam o Evangelho. Os usos e costumes, a liturgia, o tipo de música, e coisas semelhantes não devem dividir o que Deus já uniu. Porém, devemos estar atentos para que não nos unamos àqueles que professam uma fé supersticiosa e idólatra, que em nada lembra a santíssima fé que de uma vez por todas foi dada a nós os santos (Jd.3).
Segundo Paulo, “ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto” (1 Co.3:11).
Veja, Jesus é a pedra angular da Cidade, enquanto que, o ensino que Ele legou aos Seus apóstolos e profetas é o fundamento dos seus muros.
Não precisamos buscar em qualquer outra religião as bases para a nossa salvação. Nem Kardec, nem Joseph Smith, nem Moon, nem algum outro mentor espiritual de nossa época possui autoridade para lançar novos fundamentos além do que já foi lançado pelos apóstolos de Jesus.
Nada pode ser acrescentado à revelação exposta no Novo Testamento. Ninguém está autorizado a ir além dela, ou lhe acrescentar alguma coisa (1 Co.4:6; Ap.22:18-19). Os muros da Cidade já foram medidos, e sua medida em nada poderá ser alterada. Portanto, não devemos esperar novas revelações. O que tinha de ser revelado, já o foi. De forma que, “ainda que nós mesmos” admoesta Paulo, “ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema” (Gl.1:8).
O Acesso à Cidade Santa
“Abri as portas, para que entre nela a nação justa, que observa a verdade”. Isaías 26:2.
O muro da Cidade de Deus possui doze portas, sendo três voltadas para cada direção. Três para o oriente, três para o ocidente, três para o norte e, finalmente, três para o sul. O que quer dizer tudo isso?
A nova sociedade construída por Deus está acessível à todas as culturas, línguas, nações e etnias. Não há lugar para o racismo, ou qualquer outro tipo de preconceito dentro da Cidade de Deus. Não há uma raça ou cultura que possa ser considerada superior às demais.
Todos têm igual acesso, e idêntico valor.
Ainda há, em nossos dias, muitos missionários que pensam que, levar o evangelho a um povo estrangeiro, é o mesmo que impor a sua cultura, persuadindo-o a abandonar todas as suas expressões culturais. Foi assim que os missionários americanos foram acusados de promoverem a expansão do imperialismo americano. A Nova Civilização proposta por Cristo abre espaço para a diversidade cultural.
Ela não é uma sociedade uniformizada. O chinês continua sendo chinês. Ele não precisa comer hambúrguer para se dizer cristão. Ele pode continuar comendo com pauzinhos, sem com isso, sentir-se inferior aos demais povos.
É claro que todas as culturas, inclusive a americana e a brasileira, estão marcadas pelo pecado. Porém, muito de sua beleza pode ser preservado, e até “cristianizado”, por assim dizer.
A nova sociedade iniciada por Jesus é formada por pessoas de todas as raças, que, a despeito de suas diferenças, formam um só Corpo em Cristo, tendo igual acesso à presença de Deus, e à Sua Santa Cidade. Observe o que Paulo diz aos Efésios:
“Por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas CONCIDADÃOS dos santos, e da família de Deus.” EFÉSIOS 2:18-19.
Ser concidadão é pertencer à mesma cidade. Não importa a nossa cidadania terrena; quer pertençamos a uma megalópole como São Paulo, Nova Iorque, ou a uma cidadezinha do interior, o que realmente conta é que somos todos cidadãos da Nova Jerusalém.
Portanto, não há esse negócio de supremacia racial ou cultural. “Desta forma” conclui Paulo, “não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl.3:28). É bom que se diga que em momento algum Paulo esta propondo uma uniformidade social, racial ou sexual. As diferenças continuam a existir, porém, já não possuem a mesma importância que antes. O judeu continua judeu, o grego continua grego. Homem continua homem, mulher continua mulher. Não obstante a isso, suas diferenças já não constituem empecilho para que vivam em comunhão e harmonia por meio de Cristo Jesus. Na nova civilização há diferenças, e ao mesmo tempo, há igualdade. Há igualdade em termos de unidade. Uma vez que todos somos “um” em Cristo, não há sentido darmos maior importância a uns que a outros. Esta unidade, porém, sobrevive na diversidade. Isto significa que, ocidentais e orientais, brancos e negros, ricos e pobres, empresários e operários, todos dão as mãos quando adentram os muros da Cidade Celestial.
Lembre-se que há três portas viradas para cada direção. Não há quatro portas viradas para o norte, e apenas duas para o sul. Todos têm igual oportunidade de acesso à Cidade de Deus. Não há uma classe ou uma raça que possa ser considerada privilegiada. Desde o europeu nórdico, até o aborígine australiano, todos possuem o mesmo valor.
Riquezas Culturais na Cidade de Deus
João ainda afirma que “as suas portas não se fecharão de dia, e noite ali não haverá. E a ela trarão a glória e a honra das nações” (vs.25-26). Veja que as portas da Cidade Santa não estão abertas apenas às pessoas, mas também às riquezas das nações. “As tuas portas” profetiza Isaías, “estarão abertas de contínuo, nem de dia nem de noite se fecharão, para que tragam a ti as riquezas das nações” (Is.60:11).Que riquezas são estas? Em cada cultura do mundo, Deus depositou algum tesouro para que seja levado à Sua Cidade. Não há cultura alguma na terra que não possua alguma coisa valiosa que possa ser utilizada na Sociedade de Deus. Mesmo as mais remotas possuem algum bem proveniente de Deus que pode ser aproveitado. Assim como Jesus recebeu os tesouros tragos pelos magos do oriente, devemos estar dispostos a receber os tesouros culturais tragos pelos povos que reconhecerem a Soberania do Filho de Deus.
De acordo com o Pacto de Lausane, “a cultura deve sempre ser testada e julgada pelas Escrituras (Mc.7:8,9,13). Por ser o homem criatura de Deus, algo de sua cultura é rico em beleza e bondade (Mt.7:11; Gn.4:21,22). Por ser decaído, toda ela é contaminada com o pecado e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de nenhuma cultura sobre a outra, mas avalia todas as culturas de acordo com o seu critério de verdade e justiça, insistindo nos absolutos morais da cada cultura.”
Há beleza em muitas manifestações culturais. Essas riquezas são bem-vindas à Cidade de Deus. Desde que não se confrontem com a verdade do Evangelho, qualquer expressão cultural é legítima, e deve ser respeitada, e até aproveitada na sociedade dos santos.
Por exemplo: Faz parte da cultura brasileira o receber bem os estrangeiros. Não podemos abrir mão desta riqueza. O povo japonês é reconhecido como um povo trabalhador e perseverante; portanto, essa parte de sua cultura não pode ser negligenciada. O respeito que o
povo asiático tem pela memória dos seus antepassados pode ser admirado e até imitado pelos demais povos. O espírito ordeiro e a pontualidade do povo britânico também é um aspecto positivo de sua cultura. A espontaneidade e o carisma são traços característicos do povo latino. Tudo isso se traduz em um patrimônio cultural riquíssimo que deve ser incorporado à sociedade dos santos.
Devemos estar abertos a qualquer expressão cultural, e isso inclui as artes plásticas (quadros, esculturas etc.), a dramaturgia (teatro, cinema), a literatura, a música, a dança etc. Mas será que isso não comprometeria a pureza do cristianismo? Afinal, a mesma passagem que diz que as portas da Cidade estaria abertas pra receber as riquezas das nações, também diz que “não entrará nela coisa alguma impura” (Ap.21:27a). Temos que entender o que é e o que não é impuro. Quando Deus tirou Seu povo do Egito, fez com que saísse com prata e ouro (Sl.105:37), para que mais tarde fossem utilizados na confecção dos utensílios do Tabernáculo. Infelizmente, enquanto Moisés estava no monte, os filhos de Israel utilizaram a prata e ouro que trouxeram do Egito para confeccionar um bezerro de ouro para adoração. Não havia nada de errado com a prata e ouro tragos do Egito. O que os tornou impuro foi a utilização que deram a eles. O que faz algo impuro não é sua origem, e sim o destino que lhe damos. Com uma mesma faca, pode-se fatiar um pão, ou tirar uma vida. Isso não faz da faca um instrumento assassino. O assassino é quem a utiliza pra matar. Assim também é a cultura de uma forma geral. Ela não é ruim, ou impura em si mesma.
Portanto, não temos o direito de rotular qualquer manifestação cultural como sendo demoníaca, ou maligna em si mesma. E isso inclui a música, as danças, as comidas típicas, indumentária, e etc.
É Paulo quem declara convictamente:
“Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesmo imunda. Mas se alguém a tem por imunda, então para esse é imunda”. Romanos 14:14.
E em outra passagem ele ratifica: “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os corrompidos e descrentes. Antes a sua mente como a sua consciência estão contaminadas” (Tt.1:15).O ouro do Egito torna-se santo quando adentra o arraial dos salvos. A prata antes usada na confecção de ídolos, agora é santificada quando usada para a glória de Deus. Afinal de contas, de quem é a prata e o ouro que há nesta terra (Ag.2:8)? Mesmo que tenham passado nas mãos dos egípcios, e que tenham sido usados para fins errados, a sua origem real é o Senhor. E tudo “tudo o que Deus criou é bom, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças; porque pela palavra de Deus, e pela oração, é santificada” (1 Tm.4:4-5).
Muitas das expressões culturais foram inspiradas pela chamada Graça Comum. Não se trata da graça salvífica, que visa libertar o homem do pecado, e sim de uma graça habilitadora. A mesma graça que capacitou Bezalel, enchendo-o “de habilidade, inteligência, e conhecimento, em todo o artifício, para inventar obras artísticas, para trabalhar em ouro, em prata e em bronze, em lavramento de pedras de engaste, em entalhadura de madeira, para trabalhar em toda obra fina. Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem (...) Encheu-os de habilidade, para fazerem toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador (...) e a do tecelão; toda sorte de obra, e a elaborar desenhos” (Êx.35:31-34a,35). Não há como negar a inspiração divina quando ficamos extasiados diante de uma obra de arte. Mesmo que o artista não tenha tido conhecimento de Deus, nada o impede de ter sido por Ele inspirado, desde que sua obra não esteja em dissonância com as verdades do Evangelho. Não foi à toa que Jesus escolheu ser carpinteiro durante Sua estada na Terra. Tal como o Pai celestial, Ele é Artista por excelência! Ninguém tem um gosto tão apurado quanto o dEle. Basta olharmos a criação à nossa volta, para percebermos o quão inspirado Ele estava ao concebê-la. E ainda por cima, ficamos maravilhados por sabermos que Sua musa inspiradora somos nós, a humanidade recriada em Cristo. Foi pensando nela, que o Supremo Artista elaborou Sua obra-prima: o universo.
Ausência de Templo
“Porém quem seria capaz de lhe edificar uma casa, visto que os céus e até os céus dos céus não o podem conter?” 2 CRÔNICAS 2:6a.
Uma das mais surpreendentes características da Cidade vista por João, é que ela não possuía templo. A razão para isso é que “o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro” (Ap.21:22). Não era à toa que os cristãos primitivos eram acusados de serem ateus pelas autoridades romanas. Era, simplesmente, inadmissível um deus que não possuísse pelo menos um templo dedicado a seu culto. O fato de eles não possuírem um templo dedicado ao seu Deus, fazia com que fossem considerados ateus. Somente no século quarto, com a paganização do cristianismo, templos foram erigidos para o culto a Deus.
A bem da verdade, nos primeiros anos do cristianismo, os cristãos adoravam no Templo de Jerusalém. Porém, uma vez tendo sido rejeitados pelos judeus, não lhes restou alternativa, a não ser cultuar em reuniões realizadas em suas próprias casas.
Deixar o Templo em Jerusalém foi de crucial importância para o desenvolvimento do cristianismo. Ele deixava de ser um mero reavivamento do judaísmo, para tornar-se algo completamente novo, independente, sem o ranço religioso que caracterizava a apostasia dos judeus. Não fosse isso, o cristianismo provavelmente teria sido sufocado, limitando-se a ser apenas mais um movimento religioso, como o dos essênios e dos zelotes.
Jesus já havia previsto que o Templo judaico haveria de cair; o que veio a acontecer no ano 70 d.C., quando Tito, general romano, tomou Jerusalém e a reduziu a escombros. Agora, dentro da Nova Aliança, uma Nova Jerusalém substituiu a cidade apóstata, e um novo tempo está sendo erigido: a Igreja de Cristo.
Em nossos dias, há uma forte corrente entre os evangélicos que defende a idéia de que no fim dos tempos Deus reergueria o Templo de Jerusalém. Porém, um olhar mais acurado nas profecias contidas nas Escrituras acaba por jogar por terra toda previsão nesse sentido. Deus não vai mais erguer um templo de pedra para que nele seja adorado. Ele já tem erguido um templo definitivo para que nele habite a Sua glória. Ainda que os judeus reergam um templo no mesmo local, não será habitado por Deus.
Longe de nós o opor-nos à adoração pública em um lugar específico, dedicado exclusivamente a isso. Porém, não podemos admitir que haja, dentro dos termos da Nova Aliança, algum espaço geográfico que deva ser considerado mais sagrado que outro, onde a glória de Deus esteja habitando de forma especial. É em nome dessa superstição que Jerusalém tem sido tão idolatrada e mercadejada pelas três maiores religiões do mundo: o judaísmo, o islamismo, e o cristianismo (tanto católico quanto evangélico).
Quando argüido pela mulher samaritana acerca do lugar ideal para adorar a Deus, Jesus disse que havia chegado a hora em que O adorariam no Espírito e na Verdade, e não em algum templo ou lugar especial.
Penso não ser necessário apresentar versículos bíblicos que comprovam nossa posição. De qualquer forma, se ainda pairar alguma dúvida acerca disso, sugiro que sejam lidas as seguintes passagens: I Co.3:16; II Co.6:16; Ef.2:21-22; I Pe.2:5. Dentre estas passagens, quero destacar a encontrada em II Coríntios 6:16: “Pois vós sois santuário do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.
A razão que me leva a destacá-la é que ela encontra um importante paralelo com a passagem onde João descreve a Santa Cidade. Leia e compare:
“Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, ataviada como uma noiva para o seu noivo. E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: AGORA o tabernáculo de Deus está com os homens. Deus habitará com eles, e eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus”. Vs.2,3.
Comparando estas duas passagens, chegamos a algumas importantes conclusões: primeiro, se a Nova Jerusalém é a noiva do Cordeiro (v.9), então, ela só pode ser a Igreja. Segundo, o fato de não haver templo na Cidade de Deus comprova que a própria Cidade é, por assim dizer, o santuário de Deus, o Seu tabernáculo definitivo. Portanto, a Nova Jerusalém não é uma coisa futura, mas algo real e presente, por meio da Igreja. Quando falamos da Igreja, estamos nos referindo ao Corpo Místico de Cristo, que constitui a chamada Raça Eleita, Nação Santa, Cidade de Deus, Jerusalém Celestial, Santuário do Deus Vivente. Não está em foco, aqui, alguma instituição. A verdadeira Igreja de Jesus não possui CNPJ, nome fantasia, placa, ou coisa parecida. Não se trata de uma organização, mas de um organismo vivo!
Quando João diz que o templo da Santa Cidade é o Cordeiro, está se referindo ao Seu Corpo, a Igreja. Em vista disto, afirmar que Deus pretende reerguer o Templo de Jerusalém, é, no mínimo, uma ofensa Àquele que está trabalhando na edificação de um templo vivo, definitivo, formado, não de pedras mortas, mas de pedras vivas, que são os Seus próprios filhos.
O que importa não é o lugar em si, mas a reunião dos filhos de Deus. Onde quer que se congreguem, eles formam o Templo do Deus Vivo. Em alguns países, como a China, os cristãos são obrigados a congregarem em refúgios subterrâneos, para escaparem da perseguição empreendida por um governo ateu. Não importa o lugar: seja em cavernas, palácios, favelas, coberturas, ou mesmo ao ar livre, onde quer que se reúnam os filhos de Deus, ali está a Cidade Santa.Daí a importância de nos congregarmos. Sozinhos, somos apenas tijolos. Mas quando nos reunimos, somos a Cidade de Deus.
3 comentários:
Que bom saber que Deus está nos confirmando o entendimento que Ele nos deu sobre a cidade Santa!!Temos entendido, pelo Espírito Santo, que a cidade do grande Deus somos nós, Igreja do Deus vivo, mas tem sido difícil pregar essas coisa, tendo em vista a compreensão dominante no meio evangélico, mas graças a Deus pela visão do amado Rev. sobre esse assunto.Deus o ajude a divulgar cada vez mais essa grande verdade.
Que bom saber que Deus está nos confirmando o entendimento que Ele nos deu sobre a cidade Santa!!Temos entendido, pelo Espírito Santo, que a cidade do grande Deus somos nós, Igreja do Deus vivo, mas tem sido difícil pregar essas verdades profundas, tendo em vista a compreensão dominante no meio evangélico, mas graças a Deus pela visão do amado Rev. sobre esse assunto.Deus o ajude a divulgar cada vez mais essa grande verdade.
Como é bom aprender a palavra de Deus de forma diferente. Glorifico a Deus por este entendimento que ele te deu, e por conhecimento que eu adquirir aquir. Esta sim é uma verdadeira revelação da palavra de Deus. E que Deus lhe dêr a cada dia mais e mais conhecimento. Amém
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