quarta-feira, janeiro 24, 2007

29 - Levantando as Paredes

Cada ministério levantado por Deus deve trabalhar para edificar uma parede deste Templo Definitivo. Os tijolos nada mais são do que os filhos de Deus. E quem são os filhos de Deus? Aqueles que foram regenerados pela ação conjunta do Espírito Santo e da Palavra. Não se pode assentar em uma mesma parede, tijolos de tamanhos e formas diferentes. Lembremos que Cristo é a Pedra Angular, que serve de padrão, e dá o ângulo para que a parede fique perfeita. Pessoas que não se conformarem ao molde proposto em Sua Palavra, estarão comprometendo a perfeição da obra.

Não se pode confundir religiosidade com regeneração. A primeira é a tentativa do homem em conformar-se a um padrão de espiritualidade a partir de seus próprios esforços. A segunda é iniciativa do próprio Deus. Ser religioso não nos garante um lugar na Cidade de Deus. Somente os regenerados são agregados a ela.



Preocupado com isso, Paulo escreve:

“Pois nós somos cooperados de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele. Mas veja cada um como edifica sobre ele. Pois ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento levantar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará, porque o dia a demonstrará. Pelo fogo será revelada, e o fogo provará qual seja a obra de cada um (...) Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?”1 Coríntios 3:9-14,16.

O mais importante em qualquer construção é a base, o fundamento. O Templo no qual estamos trabalhando tem o mais sólido de todos os fundamentos: Jesus Cristo.
Entretanto, devemos tomar redobrados cuidados com o tipo de material que temos usado em sua construção. Não podemos construir palafitas na Cidade de Deus. Afinal, trata-se da edificação do Santuário do Deus Vivo! No texto acima, Paulo afirma que ainda que o fundamento seja Cristo, o que vai trazer aprovação de Deus a um determinado ministério é o tipo de material usado na obra que empreendeu. Paulo diz que é possível um edifício bem alicerçado, mas feito de madeira, feno e palha. De quê adiantou todo o alicerce? Seria como lançar pérolas aos porcos. Desperdício!
Com a pseudoconversão de Constantino, Imperador romano, muita palha foi introduzida no seio da Igreja. Houve gente que se “converteu” só para receber benefícios fiscais. Hoje não é diferente. Tem muita gente se convertendo porque virou moda ser crente, ou melhor, ser gospel. Outros se convertem em busca de apoio político. E ainda outros por serem convencidos por líderes gananciosos que “a piedade é fonte de lucro” (1 Tm.6:5). Descobriram que ser cristão é algo extremamente rentável. Em outras palavras, é um grande negócio. O que não faltam são pastores para enumerar as vantagens de pertencer à sua igreja. Por conta desse marketing, nem sempre ético, muita palha tem sido introduzida na Cidade de Deus.
Não queremos dizer com isso que não haja vantagem em ser cristão. De fato, as bênçãos de Deus são manifestas não só na vida espiritual, mas também na financeira, física e familiar. Entretanto, as pessoas deveriam ser atraídas à Igreja em busca do Abençoador, e não apenas das bênçãos. Além do mais, não podemos esconder as eventuais “desvantagens” que podem sobrevir na vida dos que servem a Deus, entre eles, as perseguições.
Aliás, são essas perseguições que Deus permite para que a palha seja queimada, e o ouro seja depurado (1 Pe.1:7). Se servir a Cristo só trouxesse lucro, todos desejariam servi-lO. Mas isso faria com que o fizessem por interesse, e não por amor. Quem de fato é regenerado, deve dispor-se a sofrer por Ele, e não apenas crer nEle (Fp.1:29). Ainda que, a exemplo de Paulo, sofra a perda de todas as coisas (Fp.3:8).
Além da qualidade dos tijolos usados nas paredes que constituem o Templo Vivo de Deus, devemos nos preocupar com o tipo de argamassa que usamos para assentá-los. Esses tijolos não podem estar soltos na parede. Eles precisam ser fixados, no prumo, um conectado ao outro.
Os líderes evangélicos devem refletir sobre duas importantes questões: Primeiro: O que deve atrair as pessoas à igreja? E segundo: O que vai mantê-las lá?
Se usarmos certos métodos de marketing, atrairemos muitas pessoas à igreja. Mas a questão é: quantas delas permanecerão lá? Alguns acham que para levar gente à igreja, vale tudo. Vale até visões mentirosas, profecias armadas, sensacionalismo, sincretismo, e tudo mais. Para esses, o importante é ter a igreja cheia, não importa o preço que se tenha que pagar. Alguns alegam, talvez para driblar a consciência, que depois de atraírem as pessoas ao culto, conta-lhes a verdade sobre o Evangelho. Será que a verdade por si só não seria o suficiente para atrair as pessoas? Será que devemos usar sempre subterfúgios? O problema é que depois fica evidenciado que o mesmo expediente usado para trazer as pessoas, deverá ser usado também para mantê-las lá.
Em Ezequiel 13, Deus denuncia tais procedimentos:

“A minha mão será contra os profetas que têm visões falsas e que advinham mentira; na congregação do meu povo não estarão (...) Visto que andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz, e quando EDIFICA A PAREDE, rebocam-na de argamassa fraca”. Ezequiel 13:9a,10b

Quantos irmãos têm sido manipulados por profecias e visões falsas? Tornam-se joguetes nas mãos de pessoas inescrupulosas, que em vez de serem usadas por Deus, usam o nome de Deus para seus próprios interesses. Devemos ter cuidados com todos os excessos. Misticismo exacerbado gera fanatismo doentio. Os profetas denunciados por Ezequiel chegaram a ponto de confeccionarem “pulseiras mágicas”, para serem usadas como amuletos, e para justificarem tal prática, diziam que seu objetivo era “caçar almas” (v.18). Para eles, o fim justificava os meios. Por causa disso, o próprio Deus ameaça derrubar a parede que eles haviam rebocado com argamassa fraca.
Qual deve ser a argamassa usada para fixar os tijolos vivos nas paredes do Templo Vivo de Deus? A mesma usada pela Igreja primitiva, e que era um misto de vários ingredientes, apontados em Atos 2:42-43. São eles: Doutrina Apostólica, Comunhão, Eucaristia (partir do pão), Orações, Temor e Milagres.
Não precisamos de subterfúgios, de “pulseiras mágicas”, de sincretismo. Temos à nossa disposição a melhor de todas as argamassas. Se pregarmos a Verdade (Doutrina Apostólica), e vivermos o Amor (Comunhão) e o temor do Senhor, então teremos nossas orações respondidas, e assistiremos a uma grande manifestação de milagres, como na era apostólica. Isso, por si só, será suficiente, tanto para atrair pessoas à igreja, quanto para mantê-las lá.

Vivendo na Sociedade dos Santos

“No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações.”APOCALIPSE 22:2

Fico entusiasmado quando leio que na Cidade de Deus há uma praça. Isso mesmo, eu disse uma praça!
Veja que interessante: na Cidade de Deus não há templo, mas há praça.
Nas cidades antigas, a praça era o lugar onde a vida social acontecia. Era ali que as crianças brincavam, as pessoas conversavam com tranqüilidade, deixando sua privacidade, e buscando comunhão.
Mais do que nunca, a sociedade ocidental precisa intensificar sua vida social. Alguns visionários arriscam dizer que daqui mais alguns anos, as pessoas terão poucas razões de saírem de suas casas.
Com o advento da internet, tudo pode ser feito sem sair de casa. Através de um microcomputador, é possível trabalhar, estudar, fazer compras, e até namorar! Precisamos de praças urgentemente! Precisamos estar juntos, bater papo, comungar. A Igreja de Cristo precisa prover isso ao seu povo.
Há uma profecia belíssima acerca disso em Zacarias 8:4-5, onde lemos:

“Ainda nas praças de Jerusalém habitarão velhos e velhas, levando cada um na mão o seu bordão, por causa da sua muita idade. As praças da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão.”

Deus promete restaurar a vida social do Seu povo, na nova ordem criada. Nessa nova ordem social, as pessoas têm prazer de estarem juntas.
É por isso que os shoppings se tornaram uma verdadeira febre em nossos dias. Eles acabam por suprir a necessidade que o homem tem de praça. Eles se tornaram em verdadeiros points. As pessoas não vão a um shopping só para comprar; elas vão para encontrarem outras pessoas. Elas querem ver caras novas, construir novas amizades, namorar, trocar idéia.
Há muitas igrejas onde as pessoas sequer se conhecem. Quando o culto se encerra, todos saem apressadamente. Ninguém quer gastar tempo conhecendo outros. Assistir a um culto passou a ser visto como um entretenimento como outro qualquer. Poucos são os que realmente entendem o que é congregar.
Na cultura grega, quando as pessoas queriam se encontrar, iam ao teatro. Na cultura judaica, elas iam à praça. Parece que o cristianismo que vivemos tem mais a ver com Atenas, do que com Jerusalém. Num teatro, as pessoas vão com o intuito de assistirem a um espetáculo. Porém, numa praça as pessoas vão para se encontrar.
Na Cidade de Deus as pessoas são incentivadas à comunhão. Estar juntos passa a ser mais importante do que ouvir uma bela música, ou assistir a uma bela preleção. Não estamos diminuindo em nada o valor da pregação. Óbvio que não! O que queremos enfatizar é que, quando há maior interatividade na comunidade dos santos, a vida cristã é vivida com mais intensidade.
Se observarmos a vida social da igreja primitiva, veremos que havia uma grande interatividade entre as pessoas. O culto em si promovia a possibilidade das pessoas se expressarem, e compartilharem umas com as outras. Elas eram incentivadas a ensinarem e admoestarem umas às outras, falando entre elas com salmos, hinos, e cânticos espirituais (Ef.5:19; Col.3:16). Paulo chega a determinar que quando os santos se reunissem, cada um deveria trazer salmo, doutrina, revelação, língua, interpretação. “Faça-se tudo para edificação”, enfatiza o apóstolo (1 Co.14:26).
Foi o catolicismo que inventou o clausulo, o isolamento. Ficar só passou a ser sinônimo de santificação. Porém, o verdadeiro cristianismo percebe o valor da celebração comunitária, da vida social. Em vez de nos enclausurarmos, devemos, sim, considerarmo-nos “uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando de congregar-nos, como é costume de alguns” (Hb.10:24-25a).
Um detalhe importante é que, segundo João, “a praça da cidade era de ouro puro, como vidro transparente” (v.21).
Você já ouviu falar em ouro transparente? Certamente que não. Trata-se de uma figura de linguagem, é claro. Não podemos entender isso literalmente. O que Deus parece deixar claro aqui, é que, a vida social nesta nova sociedade é baseada na transparência. Não há lugar para relacionamentos escusos, ou relações clandestinas. A vida social nesta cidade é pautada em valores eternos. Não pode haver interesses sujos, indecentes, egoístas. Não há segundas intenções. Tudo é muito transparente. Os contratos, os negócios, as sociedades, enfim, tudo é feito com transparência.
Ali, o que tem que acontecer na vida social daquela sociedade não acontece entre quatro paredes. A vida pública é tão importante quanto a privada. Não há tratos sendo feitos às escuras. Tudo é feito às claras. Talvez por isso, Jesus tenha dito: “O que vos digo no escuro, dizei-o na luz; e o que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados” (Mt.10:27).
Paulo parece ter entendido isso de forma bem clara, quando diz que “rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam” (2 Co.4:2).
Não há lugar para uma vida ambígua. O que somos dentro de casa, somos na rua. O que somos no gabinete pastoral, somos no púlpito. Nada de hipocrisia, falsidade e bajulações.
Na mesma passagem em que Deus promete restaurar as praças de Jerusalém (o que entendemos de forma figurativa, como uma alusão à vida social do Seu povo) , Ele também diz:

“Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém. Então Jerusalém chamar-se-á a CIDADE DA VERDADE, e o monte do Senhor dos Exércitos o monte santo (...) São estas coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, e executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas; nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso. Eu aborreço a todas estas coisas, diz o Senhor.” ZACARIAS 8:3, 16.

A vida social do povo de Deus é tão importante, que Paulo gasta grande parte de suas epístolas buscando regulá-la. Ele sabia que se não fosse respaldada na verdade, na transparência, ela seria inviável. “Deixai a mentira” instava Paulo, “e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros (...) Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a quer for boa para promover a edificação, conforme a necessidade, para que beneficie aos que a ouvem” (Ef.4:25,29).
Dentro da nova sociedade criada por Deus, o “outro” tem sempre primazia sobre o “eu”. Tudo é feito tendo em vista o bem comum.
O grande problema de nossa sociedade é a supremacia do “eu”. Assim como Galileu defendeu a idéia de que a Terra não era o centro do universo, como insistia a maioria, a Igreja precisa anunciar ao mundo que o ego não é o centro da existência humana.
Só é possível uma vida social transparente, e saudável, quando as pessoas são motivadas a servirem umas às outras. A mentira, na maioria das vezes, só serve para preservar os interesses de alguns. Quando se leva a sério o interesse alheio, não há razão para mentir.
Não há anarquia na Cidade de Deus. Isso se deve ao fato de cada um considerar os outros superiores a si mesmo (Fp.2:3). Há, portanto, um respeito mútuo. Mesmo aqueles em quem está investido algum tipo de autoridade, consideram o fato de que nada mais são do que servos dos que estão sob os seus cuidados.
Até mesmo a questão dos bens é reavaliada dentro dos conceitos da nova sociedade. Dentro dessa nova ordem, a propriedade particular é respeitada, de forma que cada um dos seus cidadãos aprende a dar igual valor tanto aos seus pertences, quanto aos dos outros (Fp.2:4). Aqueles que gozam de uma posição econômica mais elevada, não devem por a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente dá todas as coisas para que delas usufruamos.
Esses também são ensinados a promoverem o bem comum, sendo ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, acumulando, assim, um bom fundamento para o futuro (1 Tm.6:17-19). De acordo com os regulamentos desta nova sociedade, os patrões devem pagar um salário justo aos seus empregados (Col.4:1). Em contrapartida, os empregados devem obedecer em tudo aos seus empregadores, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração (Col.3:22; 4:1).
E quanto à ordem familiar? Bem, a despeito do que digam as feministas, na sociedade de Deus, as mulheres devem ser submissas aos seus próprios maridos. Cabe ao marido o papel de governo da família. Porém, uma vez que o marido, cidadão da Cidade de Deus, compreende que como cabeça, na verdade ele é servo dos demais, ele há de cuidar pelo bem-estar dos seus, dando-lhes sustento, carinho, amor e compreensão (Ef.5:24-29). Jamais o marido deve aproveitar-se de sua posição de autoridade para tratar asperamente a sua esposa, sob pena de ter a sua comunhão com Deus prejudicada (Col.3:19 e 1 Pe.3:7). E quanto à relação entre pais e filhos? O filho deve obedecer em tudo a seus pais, enquanto que, os pais, não têm o direito de irritar os filhos, fazendo com que se desanimem (Col.3:20-21).
E como ficam os velhos na Sociedade de Deus? Devem ser descartados como na sociedade ímpia? É claro que não! Eles devem ser respeitados e acolhidos. Além disso, os velhos devem ser ouvidos, pois possuem sabedoria suficiente para aconselhar aos mais novos (Pv.23:22; Lv.19:32).
Não é nossa pretensão esgotar esse assunto aqui. Apenas desejamos fazer um esboço para que, em outra oportunidade, possamos dissecá-lo.
Uma vida social que se baseie nos parâmetros esboçados acima, não precisa acontecer entre quatro paredes. A praça é o lugar ideal para que ela aconteça. A vida pública acaba se tornando uma extensão da vida privada.

Praça: Lugar de Luz e Juízo

A Praça também era o lugar onde as pessoas recorriam aos magistrados para julgarem suas causas. O objetivo disso era garantir que cada julgamento fosse feito às claras, sem parcialidade.
Trazer à praça significa trazer à luz, expor a avaliação. Na sociedade de Deus, todas as coisas devem ser expostas à avaliação, ao juízo dos santos.
Paulo argumenta com os crentes Coríntios:

“Aventura-se algum de vós, tendo questão contra o outro, a submete-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos? Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as cousas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as cousas desta vida! Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja. Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos! O só existir entre vós demandas, já é completa derrota para vós outros...” 1 CORÍNTIOS 6:1-7a.

De acordo com esta passagem, os componentes da sociedade de Deus jamais deveriam recorrer aos tribunais de mundo para resolver questões entre irmãos. Na verdade, tais questões sequer deveriam existir. Entretanto, quando ocorressem, deveriam ser resolvidas entre os próprios irmãos. Levar um irmão às barras de um tribunal é expor a obra de Deus, e submete-la a uma avaliação errada por parte dos incrédulos.
Nossas demandas devem ser expostas, julgadas e resolvidas na praça da Nova Jerusalém, isto é, perante o povo de Deus, e não perante os incrédulos, dando a eles a oportunidade de escarnecerem de nossa fé.
Que modelo deveríamos seguir? Jesus nos orienta:

“Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo que desligardes na terra terá sido desligado nos céus”. MATEUS 18:15-18.


O tribunal que se ergue na Praça Celestial possui várias instâncias. Na primeira, a questão deve ser resolvida entre os envolvidos apenas. Na segunda, introduz-se uma ou duas testemunhas. Na terceira, traz-se ao conhecimento da igreja. Se na terceira instância, o problema não se resolver, e a pessoa insistir em permanecer no erro, caberá à igreja desligá-la de seu rol de membros, e considerá-la como um incrédulo. Somente aí, se justifica levar a pessoa ao tribunal terreno. Agora, ela já não é considerada um irmão, e por isso, deverá responder por seus erros diante dos magistrados do mundo.
A Cidade Luz
De acordo com a descrição de João, “a cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela resplandeçam, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada”(v.23).
Mais uma vez, precisamos entender isso de maneira figurativa. Em Gênesis encontramos que Deus criou o sol para governar o dia, e a luz para presidir a noite, e fez também as estrelas (1:16). Dentre os astros celestes, o sol e a lua se destacam pelo seu resplendor. Durante o dia, por exemplo, o sol é tão forte em seu resplendor, que é impossível ver as estrelas. Elas não se retiram durante o dia; apenas, deixam de ser vistas. Já à noite, podemos vê-las, porém, é para lua que nossa atenção se volta. Entretanto, na nova ordem, as estrelas passam a resplandecer mais do que nunca, pois recebem a glória do próprio Criador. E quem são essas estrelas? Os filhos de Deus. Talvez por isso Paulo tenha dito que cabe aos filhos de Deus resplandecerem como astros no mundo (Fp.2:15). Nada mais pode neutralizar, ou ofuscar o brilho dos filhos de Deus. Não devemos pensar que o sol e a lua deixarão de existir, promovendo um colapso universal, como muitos imaginam. Repare o paralelo encontrado entre Apocalipse 21:23 e Isaías 60:19-20:

“Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te iluminará, pois o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória. Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará; o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão.”

Na nova ordem, o sol continua existindo, porém, já não é, por assim dizer, a fonte suprema de luz. Agora, Deus é a nossa luz, e o Cordeiro é a Sua lâmpada. E nós, Seus filhos, somos os astros através dos quais a luz divina é refletida ao mundo. “Levanta-te, resplandece, pois já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti. As trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a sua glória se vê sobre ti. As nações caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu” (Is.60:1-3). Quanto paralelo entre Ap.21 e Is. 60!!! A nova sociedade deve brilhar com a glória de Deus! A lei continua existindo, porém, não é ela a fonte de nossa fidelidade para com Deus. O sol representa a Lei dada por Deus a Moisés, enquanto a lua representa a parte cerimonial da Lei, refletindo o esplendor da Lei Moral de Deus. Quando adentramos a Nova Jerusalém, já não precisamos das tábuas recebidas no Sinai, nem tampouco necessitamos observar as cerimônias da Lei.
Parafraseando as palavras extraídas da oração de Zacarias, pai de João Batista, Jesus é o sol nascente das alturas que nos visitou, para iluminar os que jaziam nas trevas, e na sombra da morte (Lc.1:78-79). Agora, o “Sol da Justiça” está habitando permanentemente em nós. O próprio Cristo, que fez habitar em nós o Seu Espírito, fez-nos participantes de Sua glória.
Em Jeremias 31:33-36, encontramos essa promessa de forma mais explícita:

“Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor. Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor. Pois lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados. Assim diz o Senhor, que dá o SOL PARA LUZ DO DIA, E AS LEIS FIXAS DA LUA E DAS ESTRELAS PARA LUZ DA NOITE, que fende o mar, e faz bramir as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome. SOMENTE SE ESTES DECRETOS DESAPARECEREM DE DIANTE DE MIM, diz o Senhor, deixará a descendência de Israel de ser uma nação na minha presença.”

Consideremos o fato de que, em lugar algum, as Escrituras sugerem que haverá um colapso de âmbito universal, que fará com que o sol e a lua se escureçam literalmente, e as estrelas caiam do firmamento. Se devêssemos entender isso de forma literal, teríamos que encontrar uma explicação plausível para o salmo que diz que Cristo “permanecerá enquanto durar o sol e a lua, de geração em geração” (Sl.72:5). Ora, se isso deve ser entendido ao pé da letra, teremos que admitir que Cristo não é Eterno, ou então, admitir que nossa interpretação está equivocada.
Quando as Escrituras falam acerca do escurecimento do sol e da lua, e a queda das estrelas, elas estão falando acerca de uma nova ordem que deveria ser estabelecida a partir da Nova Aliança. O sol, a lua, e as estrelas simbolizam a ordem que teria que ser removida, para que uma nova ordem emergisse. A partir desta compreensão, podemos entender melhor o que Deus quis dizer, ao prometer que abalaria, não só a terra, mas também o céu, removendo as coisas abaláveis, para que as inabaláveis permaneçam. E o autor sagrado conclui, dizendo:

“Pelo que, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e santo temor.” HEBREUS 12:26-28.

Fica claro que o Escritor tem em mente a remoção da velha ordem, para dar lugar a uma nova ordem, que aqui, ele denomina “reino”.
Agora, nessa nova ordem, a Lei já não nos serve de aio, nem tampouco de luzeiro para nós, as cerimônias e os ritos já não passam de sombras passageiras. E as estrelas, que aqui podem simbolizar o povo da Antiga Aliança, já não ocupam o seu lugar de proeminência. Uma nova ordem foi estabelecida! A velha Jerusalém cai, e dá lugar a uma nova cidade. A velha ordem já passou, e com ela todas as coisas velhas. Eis que tudo se fez novo! Já não precisamos da luz que refletia no rosto de Moisés, pois ela era desvanecente (2 Co.3:7) Na Nova Cidade Santa, “todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (v.18).
As estrelas do velho sistema caíram, e o seu lugar foi cedido ao povo da Nova Aliança. Daniel profetiza acerca desse tempo, quando diz que “os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento, e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente” (Dn.12:3).
Quando Deus deu as tábuas da Lei a Israel, Moisés declarou ao seu povo: “Agora, o Senhor teu Deus te pôs como as estrelas dos céus em multidão” (Deut.10:22). Aquelas “estrelas” foram colocadas para iluminar a escuridão da noite. Durante a antiga aliança, o mundo jazia em densas trevas, e foi Israel, com a Lei Moral e Cerimonial, quem serviu de luzeiro para o mundo de então. Agora, porém, a noite já passou, e o dia é chegado, de forma que não pertencemos à noite, ou melhor, àquela velha ordem. Paulo diz que somos do dia, e não da noite (1 Ts.5:5). Aquele era um tempo de sombras, de tipos, de símbolos. Hoje, vivemos na realidade que é Cristo. Somos da ordem da Estrela da Manhã, que prenuncia um novo tempo, o tempo da restauração de todas as coisas.
A festa da Lua Nova, prescrita na lei cerimonial, constituía-se num dos pontos altos nas celebrações de Israel. Nela, cada israelita deveria fazer um sacrifício como oferta pelo seu pecado (Nm.28:14). Além desta festa, o povo da antiga aliança também comemorava três festas anuais, a saber, a festa dos pães asmos, a festa das semanas, e a festa dos tabernáculos, sem contar os sábados ( 2 Cro.8:13 ) Todas essas festas eram sombras daquilo que haveria de manifestar-se em Cristo. Já naquele tempo, Deus não estava Se agradando de todas aquelas cerimônias. Embora, Ele mesmo as tenha ordenado, o povo de Israel não conseguia compreender o seu real significado, comemorando-as de forma ritualística apenas (Is.1:13-14) Por isso, o próprio Deus prometeu que faria cessar “as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas solenidades” (Os.2:11). Não adianta alguns irmãos tentarem induzir a Igreja de Cristo a voltar à prática dessas festas judaicas. Elas são coisas do passado. Elas constituem-se na lua que deixou de dar seu brilho. Paulo nos admoesta, dizendo:

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa dos dias de festa, ou de LUA NOVA, ou de sábados. Estas são SOMBRAS das coisas futuras; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” COLOSSENSES 2:16-17.

Há uma forte tendência judaizante no arraial evangélico. Alguns irmãos, ao visitarem Israel, ficam tão impressionados com as manifestações culturais daquele povo, que querem adotá-las na Igreja de Jesus. Isso é simplesmente ridículo. Há pouco, li em uma apostila evangélica que a Igreja deveria deixar de comemorar as datas cristãs, para adotar um calendário judaico, celebrando as festas prescritas na Lei Mosaica. Confesso que fiquei pasmado. Não precisamos comemorar a Páscoa judaica, pois ela não passa de sombra. Cristo é a nossa Páscoa. Se temos a realidade, para quê a sombra? Não precisamos festejar o Pentecostes, pois tal festa aponta para a colheita realizada pelo Espírito Santo. Nós somos as primícias desta colheita. Com que propósito celebraríamos a festa dos tabernáculos, se nós mesmos, a igreja, somos o tabernáculo de Deus com os homens?
Já não precisamos guardar o sábado, pois que, Cristo, nosso Sábado Eterno, é quem nos guarda. Já entramos no Sábado Eterno que é Jesus Cristo, nosso descanso. Já não precisamos de Luas Novas. Os ritos foram removidos, e em seu lugar, recebemos um reino real, que não pode ser abalado! A lua escureceu-se, a noite já passou. Somos do dia! Pertencemos a uma Cidade, onde é sempre dia, e a noite ali jamais haverá (Ap.21:25).

Adeus Maldição!

João afirma que nessa Cidade “Deus enxugará de seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, pois já as primeiras coisas são passadas” (Ap.21:4). À primeira vista, podemos incorrer no erro de achar que João está falando de algo futuro, que só se tornará real quando adentrarmos a glória eterna. Porém, temos defendido a idéia de que a Jerusalém Celestial vista por João é a Igreja de Jesus Cristo, a Sociedade dos Santos. Portanto, todas as promessas contidas nesse relato, devem ser entendidas como sendo para agora, no tempo em que vivemos. Alguns poderão dizer: - Deus ainda não enxugou toda lágrima! E quanto à morte, ela ainda não foi banida, foi? E as primeiras coisas, já se passaram?
Precisamos compreender isso à luz de outras passagens bíblicas. Na medida em que o Evangelho do Reino é anunciado, ele provoca alegria no coração dos homens (Lc.2:10). Foi isso que aconteceu em Samaria, quando Filipe pregava a Cristo. Lucas nos certifica que “havia grande alegria naquela cidade” (At.8:8). Quando pregamos o Evangelho do Reino, as cinzas são removidas, e em seu lugar é colocada uma coroa. Em lugar de tristeza, as pessoas recebem o óleo da alegria, e em lugar de espírito angustiado, elas recebem vestes de louvor.
De acordo com Isaías 61, a nossa missão é consolar todos os tristes, e ordenar acerca daqueles que estão de luto. Se a Igreja não tem feito isso, deve-se ao fato de ela não estar pregando as Boas Novas de Alegria, que nada mais é, do que o Evangelho do Reino de Deus. Paulo afirma que “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e ALEGRIA no Espírito Santo” (Rm.14:17). Diante disso, não podemos negar que, ao adentrarmos os portões da Santa Cidade, nossas lágrimas foram de todo enxugadas. Cristo tornou a nossa tristeza em alegria, e a nossa alegria ninguém pode tirar (Jo.16:20,22). Mas, não é verdade que às vezes, nosso coração é tomado de tristeza repentina? Precisamos compreender que, embora nosso espírito se alegre em Deus, nossa carne, às vezes, tende a se deixar levar pelas adversidades da vida. Porém, ainda que nosso homem exterior se corrompa, nosso homem interior se renova dia a dia (2 Co.4:16). De forma que, nas palavras de Paulo, às vezes parecemos tristes, mas no fundo estamos sempre alegres (leia 2 Co.6:10).
E quanto à morte? Foi ela banida? Para aqueles que adentraram os portais eternos da Cidade de Deus, a resposta é SIM. Paulo nos informa em sua epístola a Timóteo, que Cristo Jesus “destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho” (2 Tm.1:10). João diz que “sabemos que já passamos da morte para a vida” (1 Jo.3:14). E o próprio Jesus afirmou que se alguém guardar a Sua Palavra, “jamais verá a morte” (Jo.8:51). Penso que estes versículos já nos fornecem luz suficiente sobre esse assunto. Cada cidadão da Cidade de Deus já passou da morte para a vida.
E afinal, o que dizer acerca das primeiras coisas, que a esta altura já deveriam ter passado? E quem ousa dizer que não, se a própria Escritura afirma que “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”( 2 Co.5:17 )? Essa afirmação encontra eco na mesma passagem em Apocalipse, onde João fala da Nova Jerusalém.
Depois de assistir a todos os flagelos e pragas destinados ao povo que rejeitara a provisão de Deus, e de ter assistido às maravilhosas promessas feitas aos santos de todas as eras, João ouve atônito o pronunciamento oficial dAquele que estava assentado no Trono:

“E o que estava assentado no trono disse: Faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, pois estas palavras são verdadeiras e fiéis. Disse-me mais: Está cumprido”. Apocalipse 21:5-6a

Ora, se Ele diz que está cumprido, quem somos nós pra dizer que não? Quem se atreve a invalidar a Palavra de Deus?

Maldição Nunca Mais!

Uma outra característica dessa Cidade é que seus moradores estão isentos de qualquer tipo de maldição. “Ali nunca mais haverá maldição” afirma o apóstolo vidente (Ap.22:3a).
Se os pregadores contemporâneos entendessem isso, não perderiam tempo quebrando maldição da vida de quem já adentrou as portas da Jerusalém Celeste.
A promessa contida no Apocalipse é que os habitantes da Santa Cidade “nunca mais terão fome; nunca mais terão sede. Nem sol nem calor algum cairá sobre eles. Pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap.7:16-17).
Acredito que esse calor mencionado diz respeito à maldição advinda da Lei. Isso é comprovado em Deuteronômio 28:22, onde a Escritura enumera o calor ardente como uma das maldições contidas na Lei. Assim como o Sol representa a Lei, o calor que ele produz simboliza a maldição contida na Lei. Uma vez que o Sol se escureceu, o seu calor já não é sentido.
Paulo afirma que “todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo da maldição, pois está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl.3:10). É óbvio que, se a pessoa está exposta ao sol, ela terá que arcar com as conseqüências. O calor é inevitável.
Assim também, todo aquele que teima em permanecer debaixo da Lei, está sob maldição.
Porém, “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl.3:13).
É interessante observar que, enquanto a maldição da Lei é comparada ao calor do sol, as cerimônias da Lei constituem a sombra. Através dos símbolos contidos nas cerimônias da Lei, o povo de Israel podia nutrir a esperança de que um dia aquele calor cessaria. Cada festa, cada rito, cada sacrifício, cada objeto usado nas cerimônias, tudo isso era a sombra sob qual Israel se refrescava, ante o calor da Lei. Assim como aquela coluna que pairava sobre Israel, que de dia era uma nuvem, e de noite uma labareda de fogo, a Lei tanto produzia imenso calor, quanto refrigerava a alma daquele povo.
Os habitantes da Cidade de Deus já não necessitam se expor ao calor abrasador da Lei, nem tampouco necessitam refugiar-se à sombra dos seus ritos. Para nós, o sol e a lua já não são necessários, pois vivemos à luz do Cordeiro, e à sombra do Altíssimo.

A Diplomacia da Nação Santa

Quando a plenitude dos gentios for alcançada pelo Evangelho, a Cidade de Deus terá abrangido toda a Terra, e finalmente, o mundo terá sido restaurado.
Porém, enquanto isso não acontece, a Cidade Santa não pode fechar-se para as nações que estão à sua volta. Ela terá que relacionar-se com todos os povos, de maneira a servir-lhes como um modelo de uma sociedade justa e santa. Ela, afinal, é chamada de Nação Santa.
Quando lemos que Cristo regeria as nações com cetro de ferro, quebrando-as como se quebra um vaso de barro, não podemos entender que as nações aqui em vista são os seus respectivos povos.
Na verdade, “nações” ali é uma alusão às estruturas de domínio. As instituições humanas serão removidas paulatinamente, até que o mundo seja regido pelos santos, em uma nova estrutura teocrática. A quebra das bolsas de valores na Ásia nada mais é do que o peso do Cetro de Cristo contra esta estrutura econômica que só visa o lucro, e que valoriza mais o capital do que o trabalhador. A falência do comunismo no Leste Europeu e na Rússia, a crise econômica no Japão, a queda das Torres Gêmeas em Nova Iorque, a derrubada do governo de Saddam Hussein e a tomada de Bagdá, e tantos outros eventos demonstram a instabilidade das instituições humanas.
A vocação da Cidade de Deus é ser luz para as nações. João diz que “as nações andarão à sua luz, e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra” (Ap.21:24). Isaías parece ir ainda mais longe, quando profetiza:

“Pois a nação ou reino que não te servirem, perecerão; essas nações de todo serão assoladas.” ISAÍAS 60:12.

Trata-se de uma verdadeira revolução. As nações, reconhecendo a sua total dependência da luz emitida pela Igreja, passam a servi-la. Sua sobrevivência passa a depender do trato dispensado à Igreja de Deus. Isso é simplesmente tremendo!
O fim do comunismo se deu, sobretudo, por haver ele procurado arruinar a Igreja de Cristo. Toda estrutura humana que se levantar contra o conhecimento de Deus será derribada. Seja um sistema político, ou uma filosofia, ou ciência, ou qualquer outra coisa. As armas de que nos valemos são poderosas em Deus para demolir quaisquer fortalezas que se levantem contra o conhecimento de Deus. Todo pensamento deve ser levado cativo à obediência de Cristo. E estamos prontos, em Cristo, para punir toda desobediência (2 Co.10:4-6).
Na visão de João, da boca de Cristo saía uma espada afiada, para ferir com elas as nações. Ele as rege com cetro de ferro (Ap.19:15). É claro que esta espada que saía da boca de Cristo nada mais é do que a Sua Palavra. Ela é a Espada do Espírito, a Palavra da Verdade. Como bons soldados da causa do Reino somos convocados a tomar posição, e participarmos do bom combate da fé.. Nas palavras de Judas, devemos “batalhar pela fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd.30. Através da pregação da Palavra as estruturas ruem, e uma nova sociedade emerge das cinzas.
A espada é a Palavra, enquanto que o Cetro de ferro pode representar o meio através do qual a Igreja reina: a oração. Através da oração dos santos, o juízo de Deus vem sobre as nações. De acordo com o relato de João, ele viu quando veio um anjo, “e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro. Foi-lhe dado muito incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos. Então o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos. Então os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar” (Ap.8:3-6). Podemos dizer que através da oração, os santos conspiram contra os sistemas deste mundo, contrários ao Reino de nosso Senhor. Quando essas orações são oferecidas a Deus, Seu Cetro desce sobre esses sistemas, e os derruba. É, de fato, uma santa conspiração. Estamos completamente envolvidos nela. Dessa maneira, estamos punindo toda desobediência, e destruindo toda a resistência contrária à Verdade de Deus.
O Evangelho de Jesus poderia ser comparado a um rolo compressor, que vai derrubando tudo o que se opõe a ele.
Não podemos viver um cristianismo sem “Espada”, nem tampouco sem “Cetro”. A proclamação da Palavra e a oração devem andar de mãos dadas. É desta forma que a Igreja cumprirá o seu papel de reino sacerdotal dentro da história, deixando de ser um mero coadjuvante, para ser o seu protagonista.
Estamos vivendo na era do Reino. Cumpre-se agora a profecia que diz que “o reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Dn.7:27).
Como toda nação na face da Terra, a Nação Santa também tem sua representação diplomática, através da qual ela deve exercer diálogo com todos os povos, e convocá-los à reconciliação com o Rei dos Reis.
Na mesma passagem em que lemos que Ele recebeu as nações por herança, e que as rege com cetro de ferro, o salmista, na qualidade de embaixador do Reino de Deus, admoesta:

“Portanto, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no vosso caminho, pois em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele se refugiam.” Salmo 2:10-12

Nas culturas antigas o beijo tinha uma conotação de reconciliação. Quando Esaú reencontrou seu irmão Jacó, que o havia trapaceado, e a quem não via havia vinte anos, para demonstrar sua disposição de perdoá-lo “abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou” (Gn.33:4). O mesmo se deu quando José reencontrou seus irmãos que o haviam vendido (Gn.45:15). Ao sugerir que os reis deveriam beijar o Filho de Deus, o salmista está pressionando-os a reconciliarem-se com Deus.
Para que os reis não pereçam em seus caminhos, só lhes resta esta alternativa: submeter-se ao Supremo Imperador das Nações.
Agora é a vez do povo da Nova Aliança. Paulo afirma que Deus “nos deu o ministério da reconciliação”, e ao fazê-lo, Ele “nos confiou a palavra da reconciliação” (2 Co.5:18,19). Que voto de confiança o Senhor nos tem dado!
A parte de Deus já foi cumprida: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (v.19a). Resta-nos agora cumprir o que nos cabe. Ainda que tenhamos que rogar, não hesitaremos fazê-lo. Afinal, “somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus” (v.20). Deus nos autorizou a falar em Seu nome, e mesmo podendo “ordenar”, Ele nos manda “rogar” aos homens a fim de aderirem ao processo de paz desencadeado na Cruz. É o testemunho dos embaixadores do Reino que produzirão a saúde das nações. Por isso, o sábio Salomão declara que “o embaixador fiel é saúde” (Pv.13:17b).
“A misericórdia triunfa sobre o juízo!” (Tg.2:13b). O juízo só é sancionado quando a misericórdia é rejeitada. Devemos, portanto, oferecer a misericórdia de Deus aos homens, avisando-os das conseqüências que advirão caso a negligenciem.
Que Deus possa despertar o Seu povo para assumir o seu lugar de domínio, exercendo a autoridade que advém do Trono no qual estamos assentados em Cristo Jesus. Amém!

3 comentários:

JERUSALEM CELESTIAL disse...

Gostei muito desta maneira de ver o Apocalipse, mas, só fique em dúvida sobre o momento que Jesus solta do diabo para tentar os que estão na terra, não foi comentado, e gostaria de saber mais sobre esta parte, Paz irmãos

Unknown disse...

Preciso saber sobre a parte em que o Diabo é solto depois dos mil anos?

Ana Lúcia disse...

Olá,
A paz do Senhor!
Gostaria de dizer, que amei cada palavra que o Sr. disse ao Sr. Edir Macedo!
Porém o fato dele ter se posicionado a favor do aborto e a matança de inocentes,não é novo!
No programa Linha Direta, da Rede Globo, foi exibido o caso de um menino de 14 anos, que foi queimado vivo, por um "pastor" da IURD,
que é um total absurdo!
E que, infelizmente existem ainda seguidores, que parecem que ñ querem ver a verdade, mas, desejo, que continuemos alertando sobre a IURD, para que muitos, possam ver a verdade!
Abraços,
Que Deus continue abençoando o seu ministério!
Fiquem na paz de Deus...