quarta-feira, janeiro 24, 2007

26 - Os Cânticos de Moisés e do Cordeiro

"Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta , da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das Nações! Quem não temerá, e não glorificará o teu nome, ó Senhor ? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos. Depois destas coisas, olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do Testemunho.” APOCALIPSE 15:1-5

O Livro de Apocalipse só pode ser entendido à luz de toda a Escritura. Um dos grandes empecilhos a uma interpretação correta deste livro é imaginar que a sua linguagem é peculiar, diferindo do resto da Bíblia. Não temos o direito de isolá-lo das demais Escrituras. O mesmo Espírito que inspirou a composição dos outros livros, inspirou João na Ilha de Patmos a escrever o que lhe foi revelado.



Este livro foi endereçado, originalmente, às sete igrejas da Ásia Menor, que por sua vez, eram formadas em sua maioria, de judeus convertidos ao cristianismo. Esses estavam familiarizados com a linguagem apresentada por João. Eles conheciam bem os Profetas, os Salmos, o Pentateuco, e podiam fazer conexões entre as profecias contidas nesses livros e as apresentadas no Apocalipse.
Muitos dos símbolos usados ali são usados por Daniel, Isaías, Jeremias, Ezequiel, e até, por escritores neo-testamentários como Paulo, Pedro e João.
Na passagem acima, João relata ter visto uma multidão que trazia consigo harpas e cantavam o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro.
Essa gente é a mesma que enfrentou e venceu a besta, negando-se a prestar culto ao imperador romano, e a negociar sua fé. Que cântico de Moisés seria esse?
Antes de sua morte, Deus ordenou a Moisés que congregasse todo o povo de Israel para um importante pronunciamento, que para surpresa de todos, fora em forma de um cântico. Talvez para que jamais fosse esquecido, facilitando assim sua transmissão às gerações posteriores.
Convocando primeiro os levitas, disse-lhes Moisés:

"Ajuntai perante mim todos os anciãos das vossas tribos, e os vossos oficiais, pois quero falar-lhes estas palavras, e tomar contra eles os céus e a terra por testemunhas. Pois sei que depois da minha morte certamente vos corrompereis, e vos desviareis do caminho que vos ordenei. Então este mal vos alcançará NOS ÚLTIMOS DIAS, quando fizerdes mal aos olhos do Senhor, provocando-o à ira com a obra das vossas mãos. E Moisés proferiu todas as palavras deste cântico aos ouvidos de toda a congregação de Israel”. DEUTERONÔMIO 31:28-30.

Todo bom judeu conhecia desde criança o conteúdo do Cântico de Moisés. Através dele, eles já sabiam de antemão o que os aguardava nos Últimos Dias da Antiga Aliança.
Os primeiros 4 versículos do Cântico é uma exaltação da Justiça Divina, e um engrandecimento do nome do Senhor. Moisés, cheio do Espírito de Deus, convoca os céus e a terra para serem testemunhas de suas palavras: “Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei, e a terra ouça as palavras da minha boca” (Deut.32:1).
A partir do verso 5, há uma mudança no tom:
"Corromperam-se contra ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, GERAÇÃO PERVERSA e depravada é” (v.5).
De quê geração Moisés está falando? Daquela que viveria nos últimos dias do velho pacto. Não há como lê esta passagem sem lembrar-nos do sermão de Pedro no dia de Pentecostes, quando dirigiu-se aos judeus que assistiam ao fenômeno pentecostal, e disse-lhes: “Salvai-vos desta GERAÇÃO PERVERSA” (At.2:40b). Foi esta a mesma expressão empregada por Jesus em outra ocasião:“Ó GERAÇÃO INCRÉDULA E PERVERSA! Até quando estarei convosco e vos sofrerei?” (Lc.9:41a).
Há um paralelo incrível entre as palavras introdutórias desse cântico e as contidas no primeiro capítulo do livro de Isaías. Ali Deus também toma os céus e a terra por testemunhas contra o Seu povo rebelde:

"Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, pois falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono, mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende (...) Como se fez prostituta a cidade fiel!" (referindo-se a Jerusalém) ISAÍAS 1:2-3,21a.

“É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” continua Moisés em seu cântico (v.6). Depois ter sido escolhida por Deus para ser o instrumento de Sua glória entre as nações, que foi que fez Israel? Qual foi a recompensa que deram a Deus? “Jerusalém, Jerusalém! Que matas os profetas e apedrejas o que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Mt.23:37). Além de matar os que Deus lhes enviava, ainda mataram o Filho de Deus! Foi assim que aquela geração louca e ignorante recompensou o Senhor. Do alto da Cruz, o Filho de Deus ainda rogou ao Pai: “Perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”.
“Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus (...) A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus, e com os seus ídolos me provocaram à ira. Também os provocarei a zelos com aquele que não é povo” prossegue Moisés em seu cântico em Deut.32:16-17a, 21a.
Quanta precisão profética encontramos nesse cântico! Desde a morte de Moisés até o nascimento de Jesus, a idolatria de Israel foi um mal crônico. Nem mesmo Salomão, o mais sábio rei, escapou disso.
Por fim, quando o sacrifício de Jesus fora aceito pelo Pai, todos os demais sacrifícios oferecidos no Templo de Jerusalém tornaram-se abomináveis a Deus.
Séculos antes da cruz, Deus já não Se agradava dos sacrifícios que Lhe eram oferecidos: “De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros (...) Não continueis a trazer ofertas vãs!” (Is.1:11a,13a). Quanto mais depois que Cristo ofereceu-Se a Si mesmo como um sacrifício perfeito ao Pai. Aos olhos de Deus, o sacrifício de Seu Filho fez cessar todos os demais sacrifícios. Ora, se Deus não recebia os sacrifícios feitos no Templo desde o dia em que o véu rasgou-se de cima a baixo, o quê eles representavam, senão abominação?
A palavra “zelos” significa ciúme. O Deus de Israel é um Deus ciumento, que não admite infidelidade por parte do Seu povo. “Eu sou o Senhor” brada o Altíssimo; “este é o meu Nome! A minha glória a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura” (Is.42:8). “Não inclinarás diante de outro deus, pois o nome do Senhor é Zeloso, sim, Deus zeloso é”(Êx.34:14). Admoestações como esta são encontradas em várias partes da Bíblia ( ex.: Dt.4:24; 6:15; Js.24:19; Na.1:2 ). E Tiago afirma que o Seu Espírito, que em nós habita, tem ciúmes (Tg.4:5).
O tipo de idolatria praticado por Israel durante o tempo de Jesus era diferente daquele com que havia se envolvido em tempos passados. Em vez de adotar os deuses romanos, como fizeram em outras ocasiões, quando se prostraram diante dos deuses dos povos pagãos, os judeus praticavam um tipo de idolatria bem mais sutil. Agora eles já não faziam passar seus filhos pelo fogo, como fizeram antes, quando adoravam a Baal (2 Reis 17:16-17); já não confeccionavam imagens de escultura, nem altares a outros deuses. Ainda assim, aquela geração que viveu nos tempos de Cristo era considerada idólatra. Jesus denuncia isso quando Se dirige aos religiosos judeus e diz: “Ai de vós, condutores cegos! Que dizeis: Aquele que jurar pelo templo, isso nada é: mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor. Insensatos cegos! Qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro? Também dizeis: Aquele que jurar pelo altar, isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor. Insensatos e cegos! Qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? Portanto, o que jurar pelo altar jura por ele e por tudo o que sobre ele está. E o que jurar pelo templo, jura por ele e por aquele que nele habita” (Mt.23:16-21). Os judeus contemporâneos de Jesus foram res-ponsáveis por erigir o maior de todos os ídolos diante do qual Israel havia se prostrado até então. O nome do ídolo? MAMOM. Em Seu conhecido sermão da montanha Jesus já os havia prevenido que “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará a outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Originalmente, Mamom, conhecido como a entidade que personificava as riquezas)” (Mt.6:24). Por isso, Paulo classifica a avareza como sendo idolatria (Col.3:5).
Sua devoção a Mamom era tão grande, que eles foram capazes de transformar o Templo em um gigantesco mercado. E sabe o que era vendido ali? Animais para o sacrifício. Não foi à toa que Jesus tomou uma medida tão drástica, de sair derrubando as mesas dos cambistas e vendedores, acusando-os de haver transformado a casa de oração em um covil de ladrões.
O altar antes dedicado a Deus, agora era apenas um utensílio no culto que era prestado a Mamom. Cada animal ali sacrificado representava lucro para aqueles que monopolizam os interesses religiosos de Israel. O Templo originalmente construído por Salomão, e que havia passado por várias reformas, sendo a última empreendida por Herodes, já havia perdido as suas características arquitetônicas, e ainda por cima era usado como um verdadeiro shopping center religioso.
Mamom era maior que Baal, ou qualquer outro deus venerado por Israel antes. O altar de Mamom não ficava em algum monte, ou templo. Seu altar era erigido no coração daquele povo infiel.
Pouco antes de Jerusalém ser destruída (70 d.C.), muitos judeus já apoiavam o culto ao imperador promovido por Roma. E isso porque se eles se recusassem a participar, seus bolsos seriam afetados. De acordo com o decreto imperial, qualquer que se negasse a prestar culto ao imperador romano, não poderia comprar ou vender. Tudo menos isso! O que estava em jogo não era a sua fidelidade a Deus, ou ao imperador, mas a Mamom. Para participar das atividades comerciais sem ter conflitos com Roma, tinha que aliar-se a ela. Pelo contrário, os judeus sofreriam sanções extremamente prejudiciais às suas pretensões comerciais. “Se não pode com o inimigo, junte-se a ele”, diz o adágio.
Muitos judeus eram tidos por traidores pelo resto do povo por haverem se tornado cobradores de impostos. A maioria desses enriqueceu-se às custas da corrupção que havia nessa atividade. Dentre eles, encontramos o caso de Zaqueu, que após um encontro com Jesus, deliberou devolver o quádruplo daquilo que havia roubado de seus compatriotas. Um seguidor a menos pra Mamom!
João Batista, o último dos profetas da Antiga Aliança, bradava corajosamente: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem, e quem tiver alimento faça da mesma maneira. Chegaram também uns cobradores de impostos, para serem batizados, e lhe perguntaram: Mestre, que devemos fazer? Respondeu-lhes: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. Então uns soldados o interrogaram: E nós, que faremos? Ele lhes disse: A ninguém trateis mal, não deis denúncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo” (Lc.3:11-14). Como podemos ver, a corrupção estava arraigada na cultura daquele povo. Devido à sua postura ética, João tornou-se uma ameaça ao status quo de muitas autoridades, e acabou decapitado por ordem de Herodes.Vale lembrar que foi a avidez pelo vil metal que fez com que Judas traísse a Jesus, entregando-O aos Seus inimigos por trinta moedas de prata.
Por causa da avareza, que como vimos, é a pior das idolatrias, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência, afirma Paulo (Col.3:5-6). Esta expressão “filhos da desobediência”, significa literalmente “filhos rebeldes” é usada pelo apóstolo em outras duas passagens, ambas encontradas em sua epístola aos Efésios. Em uma delas (2:2-3), Paulo traça um paralelo entre os gentios, que antes andavam segundo o curso deste mundo, e segundo o príncipe das potestades do ar, e aqueles nos quais esse espírito agora operava. São a esses que Paulo chama de “filhos da desobediência”. Quem seriam eles, afinal? Na outra passagem de Efésios, Paulo admoesta: “Pois bem sabeis isto: Nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs, pois por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (5:5-6). Paulo está se referindo àqueles que rejeitaram o reino de Deus, e preferiram ser fiéis a Roma, tendo em vista o lucro advindo desta fidelidade. Isaías denuncia setecentos anos antes a tentativa de Israel em buscar vantagem em cima de uma aliança feita com outro povo: “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomaram conselho, mas não de mim, que se cobriram com uma cobertura, mas não do meu Espírito, para acrescentarem pecado a pecado; que descem ao Egito, sem me consultar, para se fortificarem com a força de Faraó, e para se refugiarem na sombra do Egito” (Is.30:1-2). Agora, era a vez de Israel buscar beneficiar-se à sombra de Roma. Ainda que para isso, tivesse que transigir com seus princípios, e negociar sua própria liberdade. Contanto que o lucro fosse assegurado, valia a pena correr o risco.
De fato era uma geração perversa e rebelde. Paulo desmascara sua hipocrisia indagando-os: “Mas tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus (...) tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, roubas os templos?”(Rm.2:17,21-22).
O Deus que os judeus contemporâneos de Jesus adoravam não era de fato o Deus de Moisés, de Abraão, Isaque e Jacó; e sim, o deus do lucro fácil, das transações ilícitas, da corrupção. Seu deus era Mamom.

O Anúncio de um novo povo

Através do cântico de Moisés, Deus começou a revelar o Seu propósito em levantar um novo povo, formado a partir de elementos de todas as nações da Terra. Já que Israel Lhe fora infiel, prostituindo-se com os ídolos das nações, Deus lhe incitaria o ciúme ao escolher dentre todas as nações, um povo para ser Sua propriedade exclusiva.
Ao tratar da questão que envolve a rejeição de Israel, e a eleição de um novo povo dentre os gentios, Paulo lança mão de várias passagens escriturísticas.

"Como diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era o meu povo; a amada à que não era amada. No lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo, aí serão chamados filhos do Deus vivo (...) Irmãos, o desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para que se salvem. Pois lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Visto que não conheceram a justiça de Deus, e procuraram estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram a que vem de Deus (...) Mas nem todos obedeceram ao evangelho, pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? (...) Mas digo: Não ouviram? Sim, por certo, pois por toda a terra saiu a voz deles, e as suas palavras até aos confins do mundo. Mas digo: Israel não o soube? Primeiro diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com gente insensata vos provocarei à ira. E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que não perguntavam por mim. Mas contra Israel diz: Todo dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” ROMANOS 9:25-26; 10: 1-3, 16,18-21.

A rejeição do Messias por parte de Israel já estava nos planos de Deus. Como juízo por haver se entregue à idolatria, Deus endureceu o coração daquele povo para que não compreendesse e conseqüentemente aceitasse o Evangelho.
Em sua última tentativa de alcançar os judeus, havendo grande discordância entre eles, Paulo concluiu:

"Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías: Vai a este povo, dize: Ouvindo, ouvirei, e de maneira nenhuma entendereis; vendo, vereis, e de maneira nenhuma percebereis. Pois o coração deste povo está endurecido; com os ouvidos ouviram pesadamente, e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, e se convertam e eu os cure. Portanto, quero que saibais que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles ouvirão.” ATOS 28:25-28.

“Que diremos, pois?” indaga Paulo, “O que Israel buscava não o alcançou, mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. Como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem até o dia de hoje. E diz Davi: Torne-se-lhes a mesa em laço e armadilha, em tropeço e retribuição. Escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e encurvem-se-lhes continuamente as costas. Digo, pois,: Tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar ao ciúme” (Rm.11:7-11).
O cântico de Moisés joga por terra a teoria absurda defendida pelo dispensacionalismo de que a igreja foi um improviso de Deus dentro da história. A igreja neo-testamentária sempre esteve no projeto de Deus, e ela nada mais é do que a continuação do verdadeiro Israel.
Paulo usa a figura de uma Oliveira para representar Israel (Rm.11:17). Deus quebrou os ramos naturais, que são os judeus segundo a carne, para enxertar novos ramos, que são os gentios eleitos.
As promessas feitas por Deus a Israel continuam de pé. Entretanto, são dirigidas àqueles que estão enxertados na Oliveira, e não àqueles que dela foram arrancados. Aos olhos de Deus, os verdadeiros judeus somos nós, e não os segundo a carne (Rm.2:29).
Referindo-se aos judeus do seu tempo, Paulo os chama de falsa circuncisão, e diz que verdadeira circuncisão “somos nós, que servimos a Deus em Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp.3:3). Escrevendo aos Gálatas, Paulo chama a igreja de “o Israel de Deus” (Gl.6:16). Os verdadeiros descendentes de Abraão são os da fé, e não os segundo a carne (Gl.3:7).
Nós, os santos da Nova Aliança, somos a continuidade daquela estirpe começada em Abraão, e que trouxe Jesus ao mundo. O propósito de Deus com Israel continua inalterado. A raiz continua a mesma, mas os ramos são outros. Os propósitos divinos não são direcionados a Israel como nação, ou etnia. O Israel de Deus somos nós!
Entretanto, assim como há gentios eleitos, há judeus que foram eleitos para a salvação. Paulo, Pedro, Tiago, João, e tantos outros, eram judeus convertidos.
Jamais devemos admitir que um judeu seja salvo só por ser judeu. Isto é um absurdo desmedido. O judeu é salvo da mesma forma como o gentio: por meio de Jesus Cristo.
Se um judeu morrer sem reconhecer o senhorio de Jesus, e sem aceitar a Sua oferta de salvação, ele estará perdido, e fadado a passar toda a eternidade no inferno. Paulo diz que havia dentre os judeus “um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (Rm.11:5-6).
Já ouvi de pregadores que os gentios são salvos pela graça, e os judeus pela lei. Nada mais falso do que esta declaração. Os judeus eleitos por Deus são salvos da mesma maneira que os gentios.
Segundo Paulo, quando a plenitude dos gentios houver entrado, todo o Israel será salvo (Rm.11:25-26). O plano de Deus é que todas as nações se convertam a Ele, e isso inclui Israel, é claro. “Todos os reis se prostrarão perante ele, e todas as nações o servirão” garante o salmista (Sl.72:11). “Todos os confins da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante ele, pois o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações” declara outro salmo (Sl.22:27-28).
Repare na harmonia dos textos bíblicos. De Apocalipse fomos para Deuteronômio, passamos por Isaías, Davi, Oséias, Paulo, e Jesus. Todos concordam a uma só voz: Deus age soberanamente na História dos povos.
O programa de Deus está em andamento no mundo. Ninguém há que possa reverter o que Deus já fez.
Pedro diz que os judeus “tropeçaram porque são desobedientes à palavra; para o que também foram destinados. Mas vós (a igreja) sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. ANTES NÃO ÉREIS POVO, MAS AGORA SOIS POVO DE DEUS”(1 Pe.2:8b-10a).
Jesus avisou aos judeus de Sua época que o reino lhes seria tirado e entregue a um outro povo. Mas eles não Lhe deram ouvidos.
Contando-lhes uma parábola, falou-lhes de um proprietário que plantou uma vinha e confiou-a a uns lavradores, ausentando-se do país. “Chegado o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. Os lavradores, agarrando os servos, feriram a um, mataram a outro, e apedrejaram a outro. Então enviou outros servos, em maior número do que os primeiros, e eles fizeram-lhes o mesmo. Por último enviou-lhes o SEU FILHO, dizendo: Respeitarão a meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: ESTE É O HERDEIRO. Vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. Assim, agarraram-no, arrastaram-no para fora da vinha, e o mataram. Portanto, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles lavradores? Responderam-lhe: Destruirá de maneira horrível a esses infames, e arrendará a vinha a outros lavradores, que no devido tempo lhe enviem os frutos. Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa se tornou a pedra angular; o Senhor fez isto, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será entregue a um povo que produza os seus frutos” (Mt.21:34-43).
“É assim que recompensas ao Senhor?” ecoa o cântico de Moisés. Mataram os profetas que Deus lhes enviou, e por fim, mataram o Herdeiro da Vinha!
E o cântico profético continua: “Pois um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até o mais profundo do inferno. Devorará a terra com seus produtos, e consumirá os fundamentos das montanhas (...) A mim pertencem a vingança e a recompensa, ao tempo em que seus pés resvalarem; o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar (...) Se eu afiar a minha espada reluzente, e a minha mão travar do juízo, tomarei vingança contra os meus inimigos, e retribuirei aos que me odeiam” (vs.22, 35, 41).
Era sobre isso que Jesus falava em Seu sermão profético. Sua pauta não era o fim do mundo, mas o juízo de Deus sobre o povo que O rejeitara. “Pois dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas (...) cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos” (Lc.21:22,24a).
No ano 70 d.C., cumpriu-se o Cântico de Moisés, e o sermão profético de Jesus: Jerusalém foi incendiada e destruída pelos exércitos romanos.
O cântico termina dizendo: "Regozijai-vos, ó nações, com o seu povo, pois o Senhor vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança contra os seus inimigos, e purificará a sua terra e o seu povo.” v.43
Por que as nações deveriam regozijar-se por causa do juízo de Deus sobre Israel? Porque agora, o sangue dos profetas e apóstolos fora vingado. E a Queda da Jerusalém apóstata apontava para o fato de que Jesus Cristo estava reinando soberanamente sobre todas as nações da terra. Ele foi rejeitado para que, em vez de ser o Rei dos judeus, pudesse ser o Rei das Nações.
Quando as nações da terra olham para Jerusalém, e vêem ali a fumaça do seu castigo, reverenciam Àquele cujos juízos são manifestos.
Convém ressaltar que o mesmo Rei que arremessou Seu Cetro de Ferro sobre Jerusalém, e posteriormente sobre a própria Roma, está observando cada nação da terra, recompensado-as e punindo-as de acordo com o Seu justo juízo. A queda de Jerusalém foi apenas o começo.
Cabe aqui a advertência do Salmo 2:

"Portanto, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juizes da terra. Servir ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no vosso caminho, pois em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele se refugiam.” Vs.10-12.

O Cântico do Cordeiro

De acordo com a visão de João em Apocalipse, os que haviam vencido a besta também cantavam o Cântico do Cordeiro.
Tanto Mateus, quanto Marcos, registram que na noite em que Jesus celebrou a Santa Ceia, Ele cantou um hino. Marcos diz que após dar de beber do cálice aos Seus discípulos, Jesus disse: “Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras” (Mc.14:25-26). Fora este episódio, não encontramos mais nenhum relato acerca de Jesus cantando.
O que foi que Ele cantou, afinal?
Talvez jamais saibamos com certeza, mas encontramos uma pista no verso 25. Ali Ele fala acerca do fruto da vide, que só seria tomado novamente quando viesse o reino de Deus (o que comprova que já vivemos no reino de Deus agora). É razoável imaginar que o cântico que Ele entoou naquela noite falasse alguma coisa acerca disso.
Era comum entre os judeus entoar salmos, ou canções extraídas de outras partes das Escrituras.
Qual cântico nas Escrituras combinaria mais com aquela ocasião? Que tal algum que falasse sobre a vinha do Senhor? Onde é que podemos encontrar tal cântico?
Isaías foi o profeta que relatou o sofrimento de Jesus apontando-O como o Cordeiro que seria imolado para expiar o pecado do Seu povo (Is.53).
Fiquei surpreso quando soube que Isaías compôs um cântico que era conhecido na igreja primitiva como o “Cântico do Cordeiro”. Este cântico se encontra no capítulo cinco do seu livro:
"Cantarei ao meu amado o CÂNTICO DO MEU QUERIDO a respeito da sua vinha: O meu amado teve uma vinha num outeiro fértil. Ele a cavou e a limpou das pedras, e a plantou de excelentes vides. Edificou no meio dela uma torre, e construiu nela um lagar. E esperava que desse uvas, mas deu uvas bravas. Agora, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu não tenha feito? (...) Agora vos direi o que hei de fazer à minha vinha: Tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada. Torná-la-ei em deserto, não será podada nem escavada, e sarças e espinheiros crescerão nela. Darei ordem às nuvens para que não derramem chuva sobre ela. A VINHA DO SENHOR DOS EXÉRCITOS É A CASA DE ISRAEL, e os homens de Judá são a planta das suas delícias. E esperou que exercessem justiça, mas viu opressão; retidão, mas ouviu clamor.”
O que foi que essa vinha produziu? Injustiça, opressão, rebeldia. Foi o cálice repleto com o que essa vinha produziu que Jesus tomou na Cruz do Calvário. Quais foram os pecados de Israel?

1. Ganância, avareza, monopólio dos bens - “Ai dos que ajuntam casa a casa, e reúnem herdade a herdade, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra” (v.8). Os judeus sempre foram um povo conhecido por sua avareza. Ainda hoje, são proprietários de muitos bancos. Visando lucros e só lucros, eles monopolizavam a terra, e deixavam na penúria os excluídos. Para isso, se valiam de leis injustas, e do empréstimo com juros. Em outra passagem Isaías os previne: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres, e para arrebatar o direito dos aflitos do meu povo, despojando as viúvas, e roubando os órfãos” (Is.10:1-2). Jeremias também os exorta: “Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem paga, e não lhe dá o salário do seu trabalho”(Jr.22:13). E Habacuque adverte: “Ai daquele que multiplica o que não é seu (até quando?) e daquele que se carrega a si mesmo de penhores (...) Ai daquele que ajunta em sua casa bens mal adquiridos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar das garras do mal!”(Hc.2:6b,9). Tais advertências caem como uma luva para o sistema financeiro do nosso país, que suga do pobre até a última gota do seu suor, fazendo com que seus rendimentos escoem pelo ralo dos juros. Deus não os deixará impunes, como não deixou impune Israel. E o Cântico do Vinhateiro continua: “Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até as grandes e excelentes, sem moradores” (Is.5:9). Cabe aqui as palavras de advertência de Jesus a Jerusalém: “Agora a vossa casa vos ficará deserta” (Mt.23:38). Deus sentenciou a Cidade Apóstata, que antes era a Cidade do grande Rei, e agora era considera “A Grande Babilônia”: “Ai! Ai da grande cidade, Babilônia, a cidade forte! Numa só hora veio o teu juízo. E, sobre ela, choram e lamentam os mercadores da terra, porque ninguém mais compra a sua mercadoria (...) O fruto que a tua alma cobiçava foi-se de ti (...) Numa só hora foram assoladas tantas riquezas!” (Ap.10b-11,14a, 16b). Há muitos tipos de monopólio. Nós vivemos na era da informação, e é dito com freqüência que saber é poder. A informação é um tipo de mercadoria que hoje vale mais do que o ouro. Já naquela época isso podia ser constatado. Para os detentores do saber, Jesus adverte: “Ai de vós doutores da lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam” (Lc.11:52).

2. Distração, alegria por motivos errados - “Ai dos que se levantam cedo de manhã para correr atrás da bebida, que continuam até alta noite, até que o vinho os esquente! Harpas e liras, tamborins e flautas, e vinho há nos seus banquetes, mas não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos” (Is.5:11-12). Nesta porção do cântico, Deus não condena a alegria, mas a motivação errada. O que motivava os judeus não era a glória de Deus, mas as festas, o vinho, a farra. O Senhor sentencia: “Em ti não se ouvirá mais a voz dos harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins”(Ap.18:22a ; Compare com Is.24:8 e Jr.7:34). “Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede. Por isso a sepultura aumenta o seu apetite...” (v.13-14a). Não lhes faltava entretenimento, mas faltava-lhes entendimento! Se a sua força fosse a alegria do Senhor, a história seria bem diferente. Mas a sua força estava no vinho, na embriaguez, nas orgias, no pecado.

3. Irreverência, falta de temor de Deus - “Ai dos que puxam pela iniqüidade com cordas de vaidade, e pelo pecado como se fosse com tirantes de carros, e dizem: Apresse-se Deus, e acabe a sua obra, para que a vejamos. Aproxime-se, e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos” (Vs.18-19). Um dos mais tristes quadros da depravação humana se revela quando se perde o temor de Deus. Logo surgem as blasfêmias, as palavras insolentes. Disso Deus reclama pelos lábios de Malaquias: “As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Que temos falado contra ti? Vós dizeis: Inútil é servir a Deus. O que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos”(Ml.3:13-14a)? Jesus sofreu na pele a insolência dos judeus. Eles foram capazes de afirmar que Jesus expulsava demônio pelo poder de Belzebú (Mt.12:22-32). Não O respeitaram nem enquanto era crucificado. Mateus testifica que “os que passavam, blasfemavam dele, meneando a cabeça, e dizendo: Tu que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo! Se és Filho de Deus, desce da cruz. Da mesma maneira também os principais sacerdotes, com os escribas, anciãos e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou a outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus. Livre-o agora, se de fato o ama, pois disse: Sou Filho de Deus” (Mt.27:39-43). Aquela geração não apenas blasfemou contra o Filho do Homem, mas contra o Espírito que n'Ele operava.

4. Inversão de valores - “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal, que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade, que põem o amargo por doce, e o doce por amargo” (Is.5:20). Quem pensa que a inversão de valores morais é algo inerente à sociedade moderna, está equivocado. Já naquele tempo havia os que chamavam bem ao mal, e vice-versa.
5. Orgulho, soberba, presunção - “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” (v.21). Aqueles judeus se ufanavam de serem filhos de Abraão, os guardiões do pacto. Mas Jesus os desmascarou, chamando-os de filhos do diabo! (Jo.8:44). “Se alguém pensa saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber” admoesta Paulo (1 Co.8:2).

6. Insensatez, valentia carnal e injustiça - “Ai dos que são poderosos para beber vinho, e valentes para misturar bebida forte, que justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam justiça” (v.22). O que eles fizeram quando pediram que se soltasse Barrabás, e crucificasse a Jesus? Justificaram o ímpio, e negaram justiça ao Justo! Pedro, tomado de intrepidez ímpar, os denuncia: “Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homicida” (At.3:14). E mais: Foram capazes de dizer a uma só voz a Pilatos: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”(Mt.27:25). Pois em resposta a isso, Deus trouxe juízo àquela geração perversa. “Pelo que se acende a ira do Senhor contra o seu povo, e estende a sua mão contra ele, e o fere. As montanhas tremem, e os seus cadáveres são como monturo no meio das ruas” (v.25a). Flávio Josefo nos dá um retrato apurado de como ficaram as ruas de Jerusalém quando esta foi tomada pelos exércitos romanos em 70 d.C.
Depois de seis ais, o cântico do vinhateiro (o Cordeiro) parece entrar em uma nova estrofe:
"Ele arvora o estandarte ante as nações de longe, e lhes assobia desde a extremidade da terra. Aí vem, apressadamente. Não há entre eles cansado, nem quem tropece, ninguém que tosqueneja nem dorme (...) As suas flechas são agudas, e todos os seus arcos retesados (...) O seu rugido é como o do leão, rugem como filhos de leão; rugem e arrebatam a presa, e a levam, e não há quem a livre. Bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar. E se alguém olhar para a terra, só verá trevas e angústia, e a luz se escurecerá pelas nuvens.”ISAÍAS 5:26-27a, 28a, 29-30.
Eis o retrato dos exércitos de Deus oriundos de todas as nações da terra. Eis um povo poderoso, cujo rugido é semelhante ao do Leão da Tribo de Judá. Esses são os que seguem o Cavaleiro Fiel e Verdadeiro, os filhos do Leão! Embora esta profecia seja às vezes aplicada aos assírios que tomaram Jerusalém, e aos romanos que a destruiriam por completo em 70 d.C., podemos enxergar nela um retrato da Igreja de Cristo, onde não há cansado, nem quem tropece, nem quem dorme, como podemos comprovar nas seguintes passagens:

“Ora, nós, os que temos crido, entramos no descanso (...) Procuremos, portanto, entrar naquele descanso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (dos judeus). HEBREUS 4:3a,11.

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de TROPEÇAR, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória.” JUDAS 24.

“Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios. Pois os que dormem, dormem de noite, e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação.” 1 TESSALONICENSES 5:6-8.

Além dessas passagens, encontramos uma profecia paralela em Joel. Referindo-se ao grande exército que Deus levantaria, o profeta declara: “O Senhor troveja diante do seu exército; muito grande é o seu arraial e poderosos são os que executam a sua palavra”(Joel 2:11).
Os assírios que tomaram Jerusalém, e os romanos que a destruíram por completo em 70 d.C. foram apenas os instrumentos do juízo de Deus sobre Israel. Mas o exército diante do qual o Senhor troveja é a Igreja de Cristo. Nós somos poderosos na execução de Sua Palavra. E “as armas de nossa milícia”, diz Paulo, “não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas. Derrubamos raciocínios e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento à obediência de Cristo. E estaremos prontos para punir toda desobediência, quando for cumprida a vossa obediência” (2 Co.10:4-6).
O que Paulo quis dizer ao afirmar que a igreja deve estar pronta pra punir toda desobediência? Deus nos estabeleceu como autoridades sobre as nações da terra. Através da evangelização, nós derrubamos fortalezas culturais, intelectuais, espirituais, e impomos a verdade do Evangelho. E através da oração, nós denunciamos ao Juiz de toda a terra a rebeldia daqueles que rejeitam a verdade, apegando-se a mentira. Nós acionamos o juízo de Deus através da oração. O salmista declara em seu salmo de triunfo: “Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois gumes nas suas mãos, para tomarem vingança das nações e punirem os povos (...) para executarem contra eles o juízo escrito. Esta é a glória de todos os santos. Louvai ao Senhor” (Sl.149:6-7,9).
A oração da igreja acionou o juízo de Deus sobre Israel. E é a oração da igreja que vai acionar o juízo de Deus sobre as nações da terra.
Logo no início da igreja primitiva, encontramos um episódio que nos ajuda a entender como isso se dá. Após terem sofrido ameaças por parte das autoridades judaicas, Pedro e João, reuniram-se com a igreja que “unânimes levantaram a voz a Deus em oração: Senhor, tu és o que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há. Tu disseste pela boca de Davi, seu servo: Por que bramam as gentes, e os povos pensam coisas vãs? Levantam-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntam à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido. Verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora, ó Senhor, OLHA PARA AS SUAS AMEAÇAS, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra...”(At.4:24-29). “Mas os judeus incitaram algumas mulheres devotas, de alta posição, e os principais da cidade, e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora da sua região. SACUDINDO, PORÉM, CONTRA ELES O PÓ DOS SEUS PÉS, partiram para Icônio” (At.13:50-51).

Um comentário:

Arnaldo Ribeiro disse...

REVELAÇÃO / EXORTAÇÃO:
Urge propagarmos na terra, a certeza de que Jesus Cristo ja vive agindo entre nós, espargindo a luz do saber, criando Irmãos espirituais, e a nova era Cristã. Eu não minto, e a Espiritualidade que esperava pela sua volta, pode comprovar que digo a verdade. Por princípio, basta recompormos as 77 letras e os 5 sinais que compõem o titulo do 1º. livro bíblico, assim: O PRIMEIRO LIVRO DE MOISÉS CHAMADO GÊNESIS: A CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA E DE TUDO O QUE NÊLES HÁ: Agora, pois, todos podem ver que: HÁ UM HOMEM LENDO AS VERDADES DO SEU ESPÍRITO: ÊLE É O GÊNIO CRIADOR QUE CRIA ESSA AÇÃO DE CRISTO. (LC.15.28) E cumpriu-se a escritura que diz: (JB.14.17) O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem conhece, vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós. Regozijemo-nos ante a presença do Nosso Senhor, e façamos jus ao poder que o Filho do Homem traz às Almas Justas, para a formação da verdadeira Cristandade.

(MT.26.24) – O FILHO DO HOMEM VAI, COMO ESTÁ ESCRITO A SEU RESPEITO, MAS AI DAQUELE POR INTERMÉDIO DE QUEM O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO TRAIDO! MELHOR LHE FORA NÃO HAVER NASCIDO.

E, ao recompormos as 130 letras e os 7 sinais que compõem esse texto, todos já podem ler, saber e entender quem é o Filho do Homem.

E O FILHO DO HOMEM É O ESPÍRITO QUE TESTA AS ALMAS DO HOMEM E DA MULHER, NA VERDADE DO SENHOR, COMO CRISTO: E EIS A PROVA QUE O FILHO DO HOMEM FOI TREINADO NA LEI CRISTÃ

(MC.14.41) – CHEGOU A HORA, O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO ENTREGUE NAS MÃOS DOS PECADORES. E hoje, quem quiser interagir com o Filho do Homem, deve buscar “A Bibliogênese de Israel”, que já está disponível na internet. E quem não quiser, pode continuar vivendo de esperança vã, assistindo passivamente a agonia da vida terrena, à par da auto-destruição do nosso planeta... .